Folha de S.Paulo

Popular, Haley pode estar manobrando para se candidatar

- Patrícia Campos Mello

Desde que Trump assumiu a Presidênci­a dos EUA, 23 altos funcionári­os deixaram o governo ou foram demitidos. É uma rotativida­de inédita, alimentada por conflitos internos e acusações de corrupção. Mas a saída de Haley parece ser de uma natureza diferente.

Para começar, ela não passou por processo de fritura, como aconteceu com Tillerson, que caiu em desgraça com Trump. O presidente americano até afirmou esperar que Haley volte à Casa Branca em outro cargo.

E, ao contrário de outros integrante­s, Haley não saiu queimando pontes. Ela elogiou longamente o presidente.

Haley divergia do presidente em muitos aspectos, às vezes publicamen­te. Ela foi muito mais crítica à Rússia do que Trump. Em dezembro, afirmou que as mulheres que acusavam Trump de assédio sexual “deveriam ser ouvidas”.

Mas a embaixador­a nunca deixou de cumprir à risca a política isolacioni­sta dos EUA, mesmo sendo imensament­e desconfort­ável para uma representa­nte do país na ONU.

Quando os EUA foram atacados por mudar a embaixada em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, Haley ameaçou cortar ajuda financeira dos países que criticaram a decisão. “Haverá votação de uma resolução na ONU criticando nossa escolha. Sim, nós iremos anotar os nomes [de todos que assinarem]”, disse.

Ela supervisio­nou a saída do EUA do Conselho de Direitos Humanos da ONU, o corte do financiame­nto americano para a agência para refugiados palestinos e defendeu sanções duras contra Irã e Venezuela.

Apesar de ter afirmado que não pretende se candidatar à Presidênci­a em 2020, não se pode descartar que esteja em curso uma manobra para polir suas credenciai­s políticas. Haley sempre foi a integrante mais popular do governo.

Possivelme­nte, o cargo ha-

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