Folha de S.Paulo

‘Se tem algum traidor, não é o João, é o Alckmin’, diz mulher de Doria

- Thais Bilenky

A artista plástica Bia Doria, mulher do candidato a governador de São Paulo João Doria (PSDB), rebateu a insinuação de Geraldo Alckmin (PSDB) de que o marido o traiu.

“João ficou totalmente engajado na campanha do Geraldo, o tempo inteiro. Quem não ficou engajado foi ele [Alckmin], que ficou do lado do Márcio França (PSB)”, disse à Folha.

“Se tem alguém traidor não é o João, é o Alckmin, o Alckmin que não ficou do lado do PSDB. João é que foi traído.”

As duas campanhas correram apartadas. Doria não levou Alckmin aos seus programas eleitorais na televisão e, em pouquíssim­as ocasiões, eles dividiram o palanque.

Na reta final do primeiro turno, diante do desempenho tímido de Alckmin e da liderança de Jair Bolsonaro (PSL), Doria se aproximou de simpatizan­tes do candidato do PSL e não inibiu o voto Bolsodoria (Bolsonaro para presidente e Doria para governador).

Para Bia, “Alckmin está magoado porque perdeu, é o tsunami Bolsonaro. Ele ficou chateado porque queria que João ficasse ali, colocando panos quentes, e João é uma pessoa que tem posição”.

“Geraldo ficou magoado, mas ele que insistiu em ser candidato, não era o que o povo queria. Vai passar, tenho certeza de que é passageiro”, continuou a ex-primeira-dama da cidade.

Ela disse que Lu e Alckmin não têm motivo para ter raiva dela e do marido. “A gente não fez nada de errado. Eu votei nele, o João votou nele e o João, a campanha inteira, foi fiel, João nunca traiu.”

Nos meses em que Doria tentou substituir Alckmin na disputa presidenci­al, ao longo de 2017, tampouco houve quebra de confiança, na opinião da artista plástica.

“Não era o João que queria, era o povo que queria que o João fosse candidato. E quem decide é o eleitor.”

Na terça-feira (9), reunião da direção nacional do PSDB, em Brasília, evidenciou a tensão no partido. Em intervençã­o incomum para seu perfil, Alckmin, presidente do PSDB, interrompe­u João Doria com uma fala dura.

O candidato a governador cobrava uma autoavalia­ção do PSDB depois de derrotas em diferentes frentes na eleição, a começar pela de Alckmin na disputa presidenci­al.

Áudio da discussão revela que neste momento Alckmin interrompe o ex-prefeito paulistano. “Traidor eu não sou”, diz o ex-governador. Em seguida, uma voz abafada não identifica­da emenda: “E nem falso”.

O ex-prefeito respondeu, tentando contempori­zar: “Precisamos ter uma conduta com calma e equilíbrio. Estou tratando com calma e equilíbrio. Não de forma passional”.

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Danilo Verpa/Folhapress Doria em visita à Casa Hope, que oferece apoio a crianças com câncer; criança se escondeu de candidato

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