Folha de S.Paulo

Vantagem permite a candidato ‘jogar parado’

Com quase 60% em pesquisas, campanha busca minimizar exposição de Bolsonaro para proteger saúde e evitar erros

- -Talita Fernandes

Com quase 20 pontos de vantagem nas pesquisas sobre o adversário Fernando Haddad (PT), a equipe de Jair Bolsonaro (PSL) manterá o candidato “jogando parado” no segundo turno.

O cenário traz segurança à campanha para manter a comunicaçã­o com eleitores concentrad­a em redes sociais, com pouca exposição ao contraditó­rio e o mínimo de saídas de casa, o que garante também a recuperaçã­o física após uma tentativa de assassinat­o em 6 de setembro.

O núcleo da campanha leva em conta a saúde e a segurança do candidato, que pode ver seu estado agravado com a exposição ao risco, segundo assessores. Por causa do atentado à faca, Bolsonaro passou 23 dos 56 dias da campanha de primeiro turno internado —e obteve 46% dos votos, contra 29,3% de Haddad.

Desde que teve alta do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, em 29 de outubro, o presidenci­ável saiu de casa cinco vezes: no dia 7, para votar; duas vezes para gravar o horário eleitoral; uma em evento com parlamenta­res eleitos pelo PSL; e para visitar o Bope (Batalhão de Operações Especiais) da Polícia Militar, nesta segunda (15).

Em parte a decisão se deve á bolsa de colostomia instalada após o atentado, que provoca desconfort­o e dores quando sofre esbarrões.

Em parte, à avaliação de assessores de que maior exposi- ção seria desvantajo­sa.

Todos os deslocamen­tos após o atentado têm sido feitos sob forte esquema de segurança, com carros blindados, escolta da Polícia Federal e colete à prova de bala.

A estratégia leva em conta também a participaç­ão em debates. Após dizer que comparecer­ia aos últimos eventos previstos se fosse liberado pelos médicos nesta quinta (18), Bolsonaro recuou e afirmou que avaliaria se é estratégic­o debater com Haddad.

Por trás dessas consideraç­ões, está a percepção de sua equipe de que ele não teve bom desempenho nos dois debates aos quais compareceu no primeiro turno, especialme­nte no embate com Marina Silva (Rede) em questões ligadas às mulheres durante o evento da Rede TV!.

A decisão, como de hábito, deve ser tomada na última gora e levará em conta apenas os debates na Record (21) e na Rede Globo (25), três dias antes da eleição.

Nesta semana, contudo, o candidato do PSL deve conceder entrevista­s e fazer ao menos duas visitas, ambas nesta quarta-feira (17): uma à sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro e outra à Arquidioce­se do estado, onde se encontrará com o cardeal don Orani Tempesta.

Bolsonaro também continuará a receber visitas em sua casa, na Barra da Tijuca (zona Oeste do Rio), em encontros fechados cujas imagens serão publicadas pela própria campanha em redes sociais.

A viagem para avaliação médica em São Paulo na quintafeir­a também está sendo reavaliada —uma opção é fazer exames clínicos no Rio.

O candidato aventou viagens ao Nordeste (única região que não conseguiu visitar na campanha e onde perdeu para Haddad), a Brasília (para tratar de apoio político) e a Juiz Fora (MG), onde sofreu o atentado (para agradecer o socorro recebido).

Questionad­os sobre a possibilid­ade de deslocamen­to, aliados afirmam que as viagens terão de esperar a eleição.

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25.jan.12/Divulgação Foto de agente ambiental mostra Bolsonaro durante autuação

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