Desafio de gestões tem sido encontrar terrenos disponíveis
Foi no governo municipal de Marta Suplicy (2001-2004), então no PT e atualmente no MDB, que a prefeitura fez a transição e a administração das creches foi para a pasta da Educação. Falta de orçamento e dificuldade de encontrar terrenos para novos prédios desafiam as gestões para atender as grandes filas.
O desafio é atender as grandes demandas na periferia. “Sempre houve uma prática de ampliar as vagas onde era mais fácil. A demanda existe na cidade inteira, mas é maior em algumas regiões. Nossa estratégia [da gestão atual] foi priorizar essas regiões, onde as pessoas são mais pobres e a fila é maior”, diz o secretário de Educação, Alexandre Schneider, que também ocupou o cargo de 2006 a 2012, no governo de Gilberto Kassab (PSD).
Ainda hoje, distritos como Jardim Angela, Grajaú e Capão Redondo, na zona sul, registram mais de 4.000 crianças na espera. Mas a redução da fila tem sido de fato mais acentuada nesses distritos.
Até setembro de 2018, a gestão atual criou 44,9 mil vagas (5.203 dessas estão em processo de matrícula).
Doria prometera 65 mil novas vagas até o fim do ano passado, o que não foi cumprido. Até o término deste mandato, o compromisso é um total de 85 mil vagas em creches.
Antes, na gestão Haddad, foram criadas 70 mil vagas. Ficou aquém do prometido de zerar a fila assumida, que era de 93 mil em 2012.
Sob Haddad, a prefeitura criou ainda 31,8 mil vagas em pré-escola (de 4 a 5 anos). Em maio do ano passado, a gestão Doria anunciou o fim da fila para essa etapa, com um saldo de 8.300 novas vagas até aquele momento.
Para Nádia Campeão, secretária de Educação no último semestre da gestão Haddad, tanto a pressão política quanto a criada após a decisão judicial de 2013 foram positivas por expressarem uma construção democrática. “Nosso compromisso, e de outras gestões, foi impulsionado pelo movimento forte de mães da periferia de São Paulo”, disse.
Uma priorização na fila de crianças mais pobres, que estão no cadastro do Bolsa Família, foi criada por Haddad e mantida por Doria. Neste ano, até setembro, 7.012 foram matriculadas com esse perfil.
A estratégia recente tem sido investir em convênios, e não em unidades de administração direta. Essa foi a tônica da gestão Haddad e da atual, iniciada por Doria e assumida por Bruno Covas após a saída do ex-prefeito para concorrer ao governo do estado.
Mais de 80% das matrículas em creche estão em unidades conveniadas —creche privada bancada pelo município. Os obstáculos da expansão pressionam o desafio pela qualidade. Avaliações externas, como do Tribunal de Contas do Município, indicaram maiores carências na rede conveniada.
A gestão Haddad criou um sistema de indicadores de qualidade para toda rede. Além de manter esse instrumento, a gestão atual inicia no próximo ano, segundo Schneider, formação de educadores da rede indireta —o que nunca havia acontecido.
Para Alessandra Gotti, do comitê de monitoramento, as questões de qualidade ainda são desafiadoras. “A redução do número de crianças por professor, por ambiente e a existência de área externa em todas as creches são essenciais”, afirma.