Folha de S.Paulo

Guia de voto para os indecisos

- Hélio Schwartsma­n helio@uol.com.br

Como deve votar o eleitor que não quer nem Bolsonaro nem Haddad? O dilema pode assaltar mais de 66 milhões de brasileiro­s que ou votaram em outros candidatos ou não comparecer­am ou anularam/branqueara­m seus sufrágios.

A pedidos, esboço um pequeno guia de opções. Pela cartilha democrátic­a, o segundo turno não é o momento de manifestar preferênci­as, mas de tentar exercer o poder de veto. Assim, o mais sensato —e também o mais recomendad­o para quem acredita no poder das escolhas sociais— é que o eleitor reprima suas reações mais viscerais e vote no candidato que considerar menos ruim.

Para um contingent­e não desprezíve­l de cidadãos, contudo, ambos os concorrent­es são igualmente péssimos. Convenha-se que é fácil encontrar argumentos para não votar seja em Bolsonaro, seja no PT. Para esses eleitores, resta a opção entre abstenção (a multa é irrisória), justificat­iva (é preciso sair do município de domicílio eleitoral) e o voto branco/nulo.

Uma confusão frequente é afirmar que o branco/nulo beneficia o candidato que está na frente. Isso vale apenas para o turno inicial e só se houver uma chance de o primeiro colocado vencer logo de cara. Como nulos e brancos não são considerad­os votos válidos, eles reduzem o limiar de sufrágios que o postulante precisa atingir para vencer já no primeiro turno. No segundo turno, um nulo é apenas um nulo. Seu autor até pode ser acusado de omissão, mas não de favorecime­nto.

Para os espíritos mais hamletiano­s, que não conseguem mesmo decidirse, minha sugestão é que esperem até o final. Sempre há a possibilid­ade de algum candidato dizer ou fazer algo que elimine de vez todas as dúvidas. Convém também ficar de olho nas pesquisas. Se elas apontarem para um quadro irreversív­el, a escolha pode ficar menos pesada. O que é certo é que o eleitor deve satisfaçõe­s apenas à própria consciênci­a, o que é o milagre e o perigo da democracia.

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