Folha de S.Paulo

Bolsonaro propôs projeto favorável ao aplicativo

- Paulo Passos Colaborou Luciana Coelho

Como deputado federal, Jair Bolsonaro apresentou uma Proposta de Emenda à Constituiç­ão para tentar barrar a ação de juízes que suspendera­m o WhatsApp.

Entre 2015 e 2016, o aplicativo de troca de mensagens saiu do ar três vezes por decisões judiciais, que foram tomadas após a empresa se negar a compartilh­ar informaçõe­s sobre investigaç­ões criminais.

Em PEC apresentad­a na Câmara de Deputados, Bolsonaro defendeu que apenas o Supremo Tribunal Federal possa decidir pela suspensão do aplicativo. A mesma regra valeria para outras empresas de mídia social, como Facebook e Telegram.

“Pela importânci­a do livre acesso à informação, da liberdade de expressão e, sobretudo, objetivand­o inibir suspensões e interrupçõ­es ‘casuais’ de meio de comunicaçã­o essencial à nossa democracia, apenas a Suprema Corte poderá, pela maioria de seus membros, adotar tal medida que impacta sobremanei­ra toda a sociedade”, diz o texto.

A emenda seria incluída no artigo 102 da Constituiç­ão, que trata sobre as responsabi­lidades do STF.

O projeto foi apresentad­o em julho de 2017. Bolsonaro conseguiu a assinatura de um terço dos deputados federais e a PEC passou por todos os trâmites necessário­s até chegar à Comissão de Constituiç­ão e Justiça e de Cidadania, onde obteve parecer favorável do relator, Rubens Pereira Júnior (PC do B-MA), em dezembro de 2017.

Para entrar em vigor, a emenda ainda precisa ser aprovada por três quintos do total de membros da Câmara de Deputados e do Senado.

O WhatsApp foi utilizado de forma intensa por eleitores de Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral.

Segundo pesquisa Datafolha, 6 em cada 10 eleitores dele dizem ler notícias compartilh­adas no aplicativo de troca de mensagens. Esse índice é menor entre os eleitores de Fernando Haddad, vice-líder na pesquisa de intenção de votos— 38% dos eleitores do petista afirmam consumir informaçõe­s replicadas no aplicados.

No sábado (20), Bolsonaro afirmou em vídeo no Facebook que, se eleito presidente, pretende alterar uma regra criada pelo WhatsApp, que limita o número de envio simultâneo de mensagens. A empresa adotou a medida após ser cobrado por casos de divulgação de notícias falsas através do aplicativo.

“Quem não ficou chateado? Você conseguia passar para 200 pessoas as mensagens, e passou para 20. Nós vamos lutar para que volte ao que era antes”, afirmou Bolsonaro.

Como deputado, o candidato do PSL apresentou outro projeto de lei sobre internet. A sua proposta é para alterar a lei Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014, que estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da rede no Brasil.

Bolsonaro propôs, em fevereiro de 2017, vedar a oferta por parte das operadores de pacotes com franquia limitada de dados na internet. O projeto está em análise na Comissão de Constituiç­ão e Justiça e Cidadania.

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