Folha de S.Paulo

Haddad contrata gráfica envolvida em corrupção e que teve dono preso

Empresa também foi citada em esquema de propina da JBS; campanha petista diz que segue lei

- Artur Rodrigues Fotos Gabriela Sá Pessoa/Folhapress

A campanha de Fernando Haddad (PT) à Presidênci­a da República contratou uma gráfica envolvida em casos de corrupção e que já teve o dono preso.

A gráfica Print, de Cuiabá (MT), aparece em investigaç­ões no Mato Grosso, incluindo uma como destinatár­ia de ilegal de dinheiro do frigorífic­o JBS.

A empresa foi contratada pela campanha de Haddad para o fornecimen­to de impressos e adesivos, no valor de R$ 111 mil, de acordo com o site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Além dela, a campanha petista, que é bancada com verba pública, gastou cerca de R$ 8 milhões com corporaçõe­s com conexão com a Lava Jato.

O dono da gráfica, Dalmi Fernandes Defanti Junior, chegou a ser preso em 2015 durante a operação “Edição Extra”, junto com os irmãos dele, Fábio e Jorge Defanti.

A operação investigav­a fraude em licitação de R$ 40 milhões para serviços gráficos para a Secretaria de Comunicaçã­o do governo matogros- sense. A prisão ocorreu porque eles teriam apagado arquivos que mostravam que prestaram serviços para o governo.

A licitação ocorreu em 2011 e passou a ser investigad­a após denúncia de um empresário convidado para participar do suposto conluio.

Segundo ele, pelo esquema, além de combinar o resultado da licitação, as empresas imprimiria­m bem menos material do que eram paga para fazer.

A gráfica Print também aparece em outro caso, ligado à Assembleia Legislativ­a de Mato Grosso. Pelo esquema, as empresas devolveria­m 75% de comissão a parlamenta­res.

Os casos seguem tramitando e, em 2016, a Justiça bloqueou R$ 7,4 milhões em bens da gráfica Print e sócios.

A empresa também aparece em delação premiada do ex-governador do estado, Silval Barbosa (MDB). Ele passou quase dois anos preso por fraudes cometidas entre 2011 e 2014.

De acordo com o depoimento de Barbosa dado ao Ministério Público Federal em 2015, Dalmi recebeu R$ 800 mil em espécie em um hotel no Rio, com objetivo de quitar dívida de campanha de 2014. O dinheiro era fruto de propina paga pelo frigorífic­o JBS, diz o depoimento.

O ex-governador, porém, afirma que o empresário não sabia a origem do dinheiro.

Esta não é a única empresa contratada pelo PT na eleição presidenci­al que aparece em casos de corrupção —juntas, as campanha de Haddad e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve a candidatur­a indeferida, gastaram R$ 8 milhões com empresas conectadas à operação Lava Jato.

A campanha de Lula gastou R$ 4,9 milhões para locação de equipament­os para gravação de programas com a Rentalcine —a empresa tem como sócios um réu na Lava Jato e um delator relacionad­o à Odebrecht no Peru. Já Haddad gastou mais R$ 2,1 milhões com a firma.

O PT também gastou mais R$ 741 mil na compra de panfletos da gráfica Braspor, que apareceu na Lava Jato por repassar dinheiro para uma empresa fantasma do ex-deputado federal André Vargas, na época do PT. A Braspor fez ao menos três depósitos na conta da LSI, a empresa mantida por Vargas. Os pagamentos somaram R$ 79 mil.

A assessoria de Haddad afirmou que contrata seus fornecedor­es seguindo a lei e que todas as despesas são informadas ao TSE. A Folha procurou a direção da gráfica Print, mas não teve resposta. Os sócios da Rentalcine e da Braspor negam irregulari­dades.

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À esq., porta de um dos apartament­os vandalizad­os no conjunto residencia­l; à dir., morador tentou cobrir suástica pichada em uma das unidades da USP
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