Folha de S.Paulo

Eletrobras busca saída para evitar extinção de empresa no AM

Leilão da distribuid­ora continua previsto para a próxima quinta (25), mesmo após derrota no Senado

- Taís Hirata

A Eletrobras ainda busca alternativ­as para viabilizar a venda de sua distribuid­ora de energia no Amazonas, mesmo após o Senado derrubar um projeto de lei que tornaria sua venda mais atrativa ao mercado.

O leilão da empresa está marcado para o dia 25 e, até agora, não há determinaç­ão para que seja adiado, segundo o BNDES, responsáve­l pelo processo de venda das distribuid­oras da estatal.

Das companhias colocadas à venda pela Eletrobras, a Amazonas Energia sempre foi considerad­a a mais problemáti­ca, por ter uma operação com déficit alto e passivos bilionário­s em disputa.

A ideia do governo era repassar à conta de luz do consumidor parte dessa dívida, por meio de um projeto de lei.

O texto chegou a ser aprovado pela Câmara dos Deputados, mas foi derrubado no Senado na terça-feira (16).

Sem essa solução, dificilmen­te haverá investidor­es interessad­os em comprar a empresa, segundo analistas.

Ainda haveria, porém, esperança de tornar o certame viável, afirmou um analista familiariz­ado com o processo.

Uma solução seria se a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), que cobra uma dívida de cerca de R$ 3 bilhões da Amazonas Energia, fizesse uma revisão do passivo.

Como parte da direção do órgão passou por uma renovação recentemen­te, haveria uma chance de que os novos membros fossem mais sensíveis à questão.

Essa saída, no entanto, é considerad­a remota por outra pessoa que acompanha o assunto.

Para esse especialis­ta, uma saída possível seria tentar convencer os acionistas da Eletrobras —estatal controlada pela União, mas também com participaç­ão de fundos privados— a continuar prestando o serviço no Amazonas.

Para isso, seria necessário um período adicional até se conseguir viabilizar o leilão em 2019, com o novo Congresso Nacional.

Em assembleia­s de acionistas, a Eletrobras já conseguiu prorrogar essa prestação de serviços até dezembro deste ano —que seria o prazo máximo para transferir o ativo ao novo controlado­r.

Para analistas, será um desafio conseguir um anova prorrogaçã­o. Há um consenso entre os órgãos envolvidos: evitara liquidação da subsidiári­a, que, se nada for feito, ocorrerá.

Dessa forma, qualquer alternativ­a é melhor do que a extinção da distribuid­ora, afirma a advogada especialis­ta no setor Ana Karina de Souza, do Machado Meyer.

Esse processo poderia implicara demissão em massa dos funcionári­os, uma incerteza sobre a continuida­de dos serviços no estado e passivos enormes que teriam de ser absorvidos pela estatal.

Estima-seque o custode liquidara empresa seria de cerca de R $13 bilhões.

Caso esse cenário se concretize, a União terá de fazer um novo leilão para ofertar apenas a concessão quedá direito a explorara distribuiç­ão de energia no estado —nesse caso, a empresa privada teria de constituir uma empresa nova, sem levar nada da distribuid­ora extinta.

“A liquidação é considerad­a a pior alternativ­a para todos. Mesmo um novo leilão vai requerer um capital inicial muito alto dos parceiros privados, isso dificulta a atrativida­de”, afirma Thaís Prandini, diretora-executiva da consultori­a Thymos Energia.

Neste ano, a estatal já conseguiu leiloar quatro de suas distribuid­oras (no Piauí, em Roraima, em Rondônia e no Acre).

Resta ainda vendera empresa no Amazonas e em Alagoas, cuja venda está travada por uma disputa com o estado alagoano no STF (Supremo Tribunal Federal).

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