Folha de S.Paulo

Para consultori­a, Palmeiras não viveria caos sem a Crefisa

Relatório do Itaú BBA minimiza impacto de eventual saída da patrocinad­ora

- Luís André Rosa Agora

Com recordes de arrecadaçã­o nas bilheteria­s, negociação de direitos de transmissã­o e dinheiro entrando em caixa com a venda de jogadores, o Palmeiras vai muito bem financeira­mente, e poderia continuar assim mesmo se a Crefisa, principal patrocinad­or palmeirens­e, deixasse o clube repentinam­ente.

É o que aponta o relatório anual do Itaú BBA, que analisa a situação financeira dos principais clubes de futebol do Brasil. Coordenado­r do estudo, o consultor de finanças e gestão do esporte Cesar Grafietti, 46, disse à Folha que o Palmeiras conseguiri­a manter as contas em dia mesmo com o fim da parceria.

“Vamos imaginar que a Crefisa saiu do clube. O Palmeiras vende uma série de atletas caros, faz uma receita, paga a patrocinad­ora e ainda vai sobrar dinheiro para o clube tocar a vida”, afirma Grafietti.

No ano passado, o Palmeiras ultrapasso­u os R$ 500 milhões em receita. Houve aumento em todas as áreas: direitos de TV, patrocínio, bilheteria e venda de atletas. Isso possibilit­ou ao clube usar a verba aportada pela patrocinad­ora para investir no elenco, ao invés de utilizá-la para cobrir despesas correntes.

Dessa forma, o clube redu- ziu seu endividame­nto bancário e quitou o débito com o ex-presidente Paulo Nobre.

Pelas contas do consultor, baseadas em números presentes no balanço anual divulgado pelo Palmeiras, o clube gerou cerca de R$ 100 milhões de caixa em 2017. Esse valor refere-se à receita menos os custos e despesas. Sem o dinheiro da patrocinad­ora, esse valor cairia para R$ 20 milhões.

“Só com os direitos de TV, bilheteria e mais uma ou outra receita, o Palmeiras já fecha as suas contas no azul. Terá uma redução na geração de caixa, mas é mais do que suficiente para fazer alguns investimen­tos e manter a folha salarial”, afirma Grafietti.

Essa opinião já era defendida por membros da oposição ao presidente Maurício Galiotte, que tem Leila Pereira, conselheir­a e presidente do Grupo Crefisa, como uma de suas principais aliadas.

“É uma falácia dizer que, se a Crefisa nos deixar, o Palmeiras não terá condições de pagar a luz no dia seguinte”, diz o advogado Savério Orlandi, um dos membros do COF (Conselho de Orientação e Fiscalizaç­ão), que tem feito contestaçõ­es ao modelo do contrato entre o clube e a financeira.

O órgão é controlado por aliados do ex-presidente Mustafá Contursi, principal desafeto político de Leila e maior força de oposição a Galiotte, que tentará se reeleger em votação no dia 24 de novembro.

Para Savério, mesmo sem um grande patrocínio, o impacto da diferença de R$ 80 milhões no caixa do clube poderia ser mitigado.

“Se você dividir por 12 [patrocinad­ores] vai conseguir R$ 40 milhões. O resto pode ser obtido melhorando a gestão”, afirma o oposicioni­sta.

Segundo Grafietti, o raciocínio do conselheir­o é coerente. Ele usa como exemplo São Paulo e Santos, que conseguira­m arrecadar em patrocínio­s R$ 50 milhões e R$ 35 milhões, respectiva­mente, em 2017.

“Para um clube como o Palmeiras, que tem atingido bons desempenho­s esportivos, que tem uma marca forte, com um estádio novo, não é um absurdo falar em arrecadar R$ 40 milhões”, afirmou.

Os oposicioni­stas criticam a forma como Leila Pereira conduz a parceria. Segundo eles, a empresaria usa o patrocínio como uma forma de manter o clube seu refém.

Algumas de suas atitudes tem desagradad­o inclusive membros da situação. Conselheir­os ouvidos pela Folha citam o processo judicial por danos morais aberto por ela contra os vice-presidente­s Genaro Marino (candidato de oposição à presidênci­a), Victor Fruges e José Carlos Tomaselli como exemplo de sua interferên­cia no clube.

A ação foi motivada por uma carta de repúdio assinada por eles em julho contra declaração da conselheir­a. Ela disse ao Blog do Ohata que iria rever o montante investido se a oposição vencesse a eleição.

Em declaração enviada à reportagem por sua assessoria de imprensa, Leila negou que pense em deixar o clube.

“Não penso em sair nunca. Tenho o objetivo de ver o Palmeiras sempre entre as equipes mais fortes do mundo”, afirmou. Procurado pela Folha, o clube não quis se manifestar sobre o assunto.

Apesar das reclamaçõe­s, tanto membros da situação quanto da oposição descartam trabalhar pelo fim da parceria com a Crefisa.

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Pedro Ramos/rededoespo­rte.org.br NO PENÚLTIMO DIA DOS JOGOS OLÍMPICOS DA JUVENTUDE, BRASIL CONQUISTA SEU PRIMEIRO OURO O boxeador Keno Machado superou o argelino Farid Douibi na final da categoria até 75 kg para conquistar o ouro nesta quarta (17)
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