Para Haddad, saldo da Lava Jato é positivo e juiz Sergio Moro fez bom trabalho
Presidenciável do PT também disse a evangélicos que descarta tratar de aborto
O presidenciável Fernando Haddad (PT) afirmou nesta quarta-feira (17), em entrevista ao SBT, que o saldo da Lava Jato é positivo e que o juiz Sergio Moro fez um bom trabalho na operação.
“Em geral ele ajudou [o país]. Em relação à sentença do Lula, acho que foi um erro que vai ser corrigido pelos tribunais superiores porque ele não apresentou provas contra o presidente. Em geral Sergio Moro fez um bom trabalho.”
Criticado por petistas, Moro já foi acusado por Lula de ter uma “mente doentia”, com “uma obsessão em que a mentira não tem limite”.
Na entrevista, Haddad fez outra ressalva quanto a delatores que conseguiram sair da prisão: “Embora eu acho que ele tenha soltado muito precocemente os empresários e liberado dinheiro roubado para esses empresários usufruírem, gozarem a vida. No geral, o saldo é positivo, mas há reparos a fazer.”
Pela manhã, Haddad participou de evento com lideranças evangélicas em São Paulo, num esforço para tentar conter a onda em apoio a Jair Bolsonaro (PSL) entre religiosos, pobres e mulheres, eleitorado tradicionalmente petista.
Haddad se apresentou como cristão, neto de um líder religioso no Líbano e casado há 30 anos com a mesma mulher, Ana Estela. Disse que o Poder Executivo não deve tratar de temas sensíveis como o casamento gay, a legalização das drogas e do aborto, e desmentiu boatos de que defende pedofilia em sua campanha.
“Não estou fazendo nenhuma concessão, é no que eu acredito. Há temas que sabemos que são sensíveis e que dividem a sociedade, que envolvem valores. Sabemos que, em toda eleição, a questão de drogas, aborto, casamento [gay], tudo isso vem à tona e é natural porque as pessoas são livres [...] para formar o seu próprio juízo sobre temas muito sensíveis a todos nós”, disse o presidenciável do PT.
“O Executivo tem limitações que devem ser respeitadas. Um presidente não pode ser eleito para impor o seu ponto de vista sobre as coisas.”
Mesmo ciente das dificuldades para dilatar o apoio entre as denominações, Haddad fez um discurso em que se comprometeu com os valores da família e criticou Bolsonaro.
Para Haddad, alguém que não se coloca a serviço do bem “não pode ser alçado à condição de presidente”. “Fiquei muito preocupado com a onda de calúnias difamatórias que passaram a frequentar nossas redes sociais. De que vale um voto ganho dessa maneira?”, questionou.
O petista firmou três compromissos frente a cerca de 200 membros das igrejas Metodista, Batista e Assembleia de Deus, entre outras. São eles: a prioridade de seu eventual governo será os mais pobres; o acolhimento, por parte do Estado, de todas as religiões; e delegar ao Congresso decisões sobre temas como aborto, legalização das drogas e casamento gay.
Por fim, pastores citaram casos em que há registro de boletim de ocorrência contra igrejas que se recusam a realizar casamentos entre casais gays e perguntaram a posição direta de Haddad sobre o aborto. Ele não falou nada além do que já dissera em discurso.
Em outro tema, Haddad disse que, ao contrário de Bolsonaro, vai respeitar, caso seja eleito, a lista tríplice do Ministério Público para a escolha do procurador-geral da República. O candidato do PSL disse que pode desconsiderar os nomes se eles forem comprometidos com a esquerda.
“A ideia dele de escolher alguém da sua conveniência, independentemente de ouvir a categoria, coloca em risco uma das conquistas democráticas mais importantes do período recente”, disse Haddad.
Procurada pela Folha ,aAssociação Nacional dos Procuradores da República não comentou. Segundo integrante da entidade, a ANPR ainda tenta um diálogo com a campanha de Bolsonaro antes de emitir manifestação oficial. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ao chegar para sessão no Supremo Tribunal Federal, preferiu silenciar: “Não quero comentar”.