Folha de S.Paulo

Caro cinéfilo,

- -Sandro Macedo

Vamos aos números: são 315 filmes, de 67 países, distribuíd­os por 1.207 sessões. E isso não é tudo. Fora dessa contabilid­ade estão outros 21 curtas de realidade virtual e uma instalação no mesmo formato. O número oficial de opções recua um pouco em relação à grandiosid­ade do ano anterior (394), mas a 42ª Mostra de Cinema não fica atrás na qualidade de suas opções.

A tal instalação mencionada é “Chalkroom”, de Laurie Anderson e Hsin-chien Huang, candidata a principal destaque da atual edição da Mostra, que acontece entre os dias 18 e 31 de outubro (fora o tradiciona­l chorinho).

É de Anderson também o cartaz oficial do evento, inspirado na mesma obra de realidade virtual, que propõe uma verdadeira viagem entre palavras e frases soltas numa instalação que estará no novo espaço anexo ao Cinesesc, na rua Augusta.

Pulando do virtual para o real, a Mostra oferece vários recortes que conversam com o atual momento artístico e social do país e do mundo. Em tempos de MeToo, são mais de 80 filmes dirigidos por mulheres, cerca de um a cada quatro títulos.

Documentár­ios políticos também marcam presença, incluindo títulos que lembram os tempos de ditadura ou de regimes totalitári­os, caso do francês “Minha Vida na Alemanha de Hitler”, de Jérôme Prieur.

Já a forte seleção brasileira traz novos longas de nomes como Tata Amaral, Jorge Furtado e Paulo Sacramento. A ela, faz frente o pacote argentino, com 14 filmes —nenhum com Ricardo Darín (mas tem um com o filho dele).

Para os que adoram ficar de olho no Oscar, a programaçã­o inclui 19 títulos na corrida pela estatueta de filme estrangeir­o, incluindo o brasileiro “O Grande Circo Místico”, de Cacá Diegues, que ganha projeção única no formato Imax. Sem falar em “Infiltrado na Klan”, de Spike Lee, que deve figurar em outras categorias.

Nomes queridinho­s do público da Mostra também estão de volta, como Kim Ki-duk, Jia Zhang-ke, Olivier Assayas e Amos Gitai, entre vários outros.

Para encerrar, o encerramen­to. Pela primeira vez a Mostra exibe um filme produzido pela Netflix. E será uma chance única para ver a beleza de “Roma”, de Alfonso Cuarón, na tela grande. O filme já arrebatou o Leão de Ouro em Veneza e, para muitos, deve também aparecer no Oscar. Agora é só anotar no roteiro os seus 40 preferidos e correr para o cinema. Boa Mostra.

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Cena do ganense “O Enterro de Kojo”

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