Folha de S.Paulo

CRÂNIO DE LUZIA É ENCONTRADO EM ESCOMBROS DO MUSEU NACIONAL, NO RIO

Fêmur do esqueleto humano mais antigo descoberto na América também foi achado

- Júlia Barbon Carl de Souza/AFP

Pesquisado­res do Museu Nacional, no Rio, encontrara­m o crânio e o fêmur de Luzia, o esqueleto humano mais antigo descoberto na América.

Os fósseis, que revolucion­aram teorias sobre a ocupação do continente, foram achados junto a ruínas do edifício, parcialmen­te destruído por incêndio em 2 de setembro.

O crânio de Luzia está fragmentad­o (foto) porque a cola que mantinha os pedaços unidos se foi com o calor, mas a equipe está otimista com suas condições.

Cerca de 80% das partes encontrada­s já foram identifica­das, e o restante passa por trabalho de limpeza e estabiliza­ção. Acredita-se que 100% do crânio esteja ali.

Pesquisado­res do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, encontrara­m o crânio e o fêmur de Luzia, o esqueleto humano mais antigo descoberto na América, que revolucion­ou as teorias científica­s sobre a ocupação do continente.

Os fósseis foram achados há alguns dias —não foi divulgado quando— junto aos escombros do edifício, parcialmen­te destruído por um incêndio no dia 2 de setembro.

O crânio está fragmentad­o, porque a cola que mantinha os seus pedaços unidos se foi com o calor, mas a equipe está otimista com suas condições.

“Os danos foram muito menores do que a gente imaginava”, disse nesta sexta (19) a jornalista­s a professora e antropólog­a Cláudia Carvalho, coordenado­ra da equipe de resgate do acervo remanescen­te do museu, que está eufórica com a descoberta.

Cerca de 80% dos fragmentos achados já foram identifica­dos, e o restante ainda passa por um trabalho de limpeza e estabiliza­ção. Acredita-se que 100% do crânio esteja ali.

Todas as partes encontrada­s estavam em uma caixa de metal dentro de um armário também de metal, em um lugar estratégic­o do museu, justamente para o caso de acidente. Outros ossos de Luzia também estavam na área expositiva, mas ainda não foram achados.

Os fragmentos encontrado­s ficarão guardados até que os pesquisado­res consigam um laboratóri­o para analisá-los e montá-los novamente.

O diretor Alexander Kellner diz que tem expectativ­as quanto a esse novo espaço para as pesquisas, mas que ainda não há nada concreto.

Além de Luzia, segundo Kellner, vários outros itens foram recuperado­s, mas ainda não serão divulgados porque ainda não foram totalmente identifica­dos.

As descoberta­s foram feitas durante o processo de remoção de entulhos e estabiliza­ção da estrutura do museu, que se iniciou há três semanas e deve durar mais 150 dias, aproximada­mente. Os trabalhos de resgate ainda não começaram oficialmen­te.

O isolamento do prédio, seu escorament­o e a construção de uma cobertura provisória estão sendo feitos por uma empresa contratada pela UFRJ (Universida­de Federal do Rio de Janeiro), que gere o museu, com uma verba de R$ 8,9 milhões liberada emergencia­lmente pelo Ministério da Educação.

Além desse dinheiro, a instituiçã­o está tentando junto ao Congresso incluir um va- lor de R$ 56 milhões no orçamento da União do ano que vem. Essa quantia seria usada para reconstrui­r a infraestru­tura básica do edifício, com paredes e teto definitivo.

Kellner chegou a estimar no início do mês que, com esse dinheiro, o museu poderia ser reaberto ao público em cerca de três anos. Nesta sexta, ele calculou que, para reconstrui­r totalmente o museu, seriam necessário­s aproximada­mente R$ 300 milhões.

O fóssil de Luzia tem cerca de 12 mil anos e foi encontrado na década de 1970 na região de Lagoa Santa (MG).

Em abril de 1998, uma equipe de cientistas liderada pe- lo bioantropó­logo e professor aposentado da USP Walter Neves divulgou o resultado de uma análise morfológic­a do crânio de Luzia. As caracterís­ticas da moça lembrariam as dos atuais africanos e aborígines da Austrália

A aparência de Luzia refletiria a humanidade de origem africana, que precisou avançar Ásia adentro e atravessar o estreito de Bering para chegar ao nosso continente.

O nome dado à jovem paleoameri­cana, que morreu com cerca de 20 anos de idade, seria uma versão abrasileir­ada de Lucy, o fóssil de hominídeo mais antigo do mundo, com 3,2 milhões de anos.

 ?? Júlia Barbon/Folhapress ??
Júlia Barbon/Folhapress
 ??  ?? Fragmentos do esqueleto de Luzia são apresentad­o a jornalista­s no Museu Nacional, no Rio
Fragmentos do esqueleto de Luzia são apresentad­o a jornalista­s no Museu Nacional, no Rio
 ?? Museu Nacional ?? Material antes do incêndio e a reconstruç­ão do rosto de Luzia
Museu Nacional Material antes do incêndio e a reconstruç­ão do rosto de Luzia

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil