Aos 33, tucano tenta explorar desgaste de governador
Líder no primeiro turno da eleição no quinto estado mais populoso do país, o tucano Eduardo Leite, se eleito, terá que lidar com uma Assembleia Legislativa formada quase toda por deputados mais velhos do que ele.
Ex-prefeito de Pelotas, terceira maior cidade gaúcha, Leite, 33, desponta na política do Rio Grande do Sul se intitulando como “o novo” em um cenário de forte desgaste de lideranças tradicionais e de rejeição à esquerda.
Sem um padrinho político ou um mentor destacado, Leite destoa dos jovens políticos por não ser de família de expressão nessa área.
O tucano estreou na política ainda como estudante de direito, ao concorrer a vereador em 2004, e foi chamado para ocupar cargos na prefeitura de sua cidade em gestões do PPS e PP. Eleito para a Câmara Municipal em 2008, conseguiu quatro anos depois reunir partidos ao seu redor para se lançar à prefeitura, aos 27 anos. Venceu um candidato do PT em segundo turno.
A popularidade em Pelotas, que garantiu a eleição de sua ex-vice em primeiro turno há dois anos, pavimentou o caminho para o lançamento da candidatura ao governo.
Antes disso, foi preciso solucionar um racha no diretório estadual, que chegou a sofrer intervenção nacional, em 2015. Leite saiu fortalecido da crise.
Agora na campanha, ele tenta se diferenciar dos antigos aliados do MDB criticando a “falta de agilidade” do adversário e buscando certa distância da política tradicional. “Não é esse papo de esquerda e de direita que vai melhorar a sua vida”, disse, na TV.
Embora defenda um “governo menor, que não atrapalhe”, se comprometeu a não privatizar o Banrisul, um dos últimos bancos estaduais do país.
Rivais questionaram sua experiência para administrar um dos estados mais endividados do país. Ele respondeu mostrando na TV nomes históricos que ocuparam o cargo com pouca idade, como Leonel Brizola, ícone da esquerda, em 1959.
Também orgulha-se de ter sido convidado para um encontro de Barack Obama com jovens lideranças brasileiras em São Paulo, no ano passado.
Entre constrangimentos na campanha, está o apoio que recebia do ex-presidente do PSDB nacional Aécio Neves desde a eleição de 2012.
Três dias após o primeiro turno, gravou vídeo de declaração de voto em Jair Bolsonaro (PSL). Em tom muito sério, disse que “jamais votou no PT” e que não concorda 100% com o capitão reformado.