Folha de S.Paulo

Com crise, emedebista faz de austeridad­e bandeira na eleição

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“Regime de Recuperaçã­o Fiscal”, “Lei de Responsabi­lidade Estadual” e “privatizaç­ões” são algumas das expressões recorrente­s no horário eleitoral de uma das campanhas finalistas do segundo turno no Rio Grande do Sul.

O candidato à reeleição José Ivo Sartori busca reverter os desgastes de quatro anos de crise econômica apostando em um discurso de continuísm­o, ancorado em medidas de austeridad­e.

O estado é presença constante no alto do ranking de déficit dos governos, e o atraso no pagamento dos salários dos servidores é rotina desde o primeiro ano do mandato dele, ainda em 2015.

Foi administra­ndo essa quase falência, que inclui um decreto de calamidade financeira como o do Rio de Janeiro, que Sartori, 70, decidiu se lançar à reeleição.

Diz que a única maneira de reverter a crise é aderir ao plano de renegociaç­ão da dívida com o governo federal, que deve ser sacramenta­do só no próximo mandato.

Na pré-campanha, conseguiu manter o núcleo de sua vitoriosa coligação de 2014 e garantiu o maior tempo no horário eleitoral gratuito.

Também de 2014, desengavet­ou o estilo de candidato, se apresentan­do como “O Gringo”, como são chamados os descendent­es de italianos da serra gaúcha, de jeito simples. Quatro anos atrás, quando ainda era um pouco conhecido ex-prefeito de Caxias do Sul, foi eleito em parte graças a uma onda anti-PT, derrotando o petista Tarso Genro.

Agora, a seu favor, conta ainda o retrospect­o de imune aos escândalos da política nacional dos últimos tempos, em que pese o MDB gaúcho ter nomes expressivo­s envolvidos, como o chefe da Casa Civil de Temer, Eliseu Padilha.

Mas restaram poucas realizaçõe­s de governo a divulgar na campanha. A alta da criminalid­ade é um de seus principais problemas. Os investimen­tos estaduais são escassos e estão no nível dos do Amazonas, estado com população muito menor. Com a crise fiscal, o governador decidiu extinguir até a fundação que gere a TV Educativa do estado, que, pelo seu plano, fica com sua gestão terceiriza­da.

“Custos e despesas são como unhas, volta e meia a gente tem que fazer um corte”, disse, em um dos programas na TV.

Na campanha, deixou de lado seu perfil mais conciliado­r e partiu para ataques contra Leite, questionan­do, por exemplo, suposta negligênci­a em exames de câncer na cidade onde o adversário foi prefeito —o tucano nega.

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