Folha de S.Paulo

Votorantim e fundo CPPIB do Canadá arrematam Cesp

Consórcio paga R$ 1,7 bi ao governo paulista e outro R$ 1,4 bi à União por usina

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O Consórcio São Paulo Energia, formado pela Votorantim Energia e pelo fundo de pensão canadense CPPIB, arrematou nesta sexta-feira (19) a fatia do governo paulista na Cesp, a companhia geradora de energia elétrica no estado de São Paulo.

O consórcio ofereceu R$ 14,60 por ação, com ágio de cerca de 2% —R$ 1,7 bilhão no total. Outro R$ 1,4 bilhão será pago ao governo federal pela renovação da outorga da usina de Porto Primavera.

O grupo, no qual cada empresa tem 50%, pagará ainda mais R$ 200 milhões pelas ações dos empregados da Cesp que entraram no negócio, ficando assim com um fatia total de 40,6% na elétrica.

A ações da Cesp têm 100% de “tag-along”, mecanismo de proteção que garante a acionistas minoritári­os, em caso de venda da empresa, o pagamento do mesmo valor oferecido ao controlado­r de companha aberta listada em Bolsa.

Isso indica que o investimen­to do consórcio poderá ser ainda maior se os acionistas minoritári­os aceitarem vender suas ações pelo mesmo valor pago ao governo paulista.

“A nossa recomendaç­ão é não oferecer”, afirmou em nota a equipe do Bradesco BBI liderada por Francisco Navarrete, ressaltand­o que o valor da Cesp está na melhora de seu balanço, o que significa redução e renegociaç­ão dos passivos e contingênc­ias, além de corte em custos operaciona­is.

Perto do fechamento, as ações da Cesp operavam em alta de mais de 14%.

A Votorantim Energia e o fundo canadense já têm uma parceria focada em investimen­to e desenvolvi­mento do setor de geração de energia no Brasil, formada em 2017.

“A criação dessa joint venture foi feita em dezembro do ano passado. Temos interesse em investir em energias renováveis no Brasil, e a Cesp faz parte dessa estratégia”, disse o presidente da Votorantim Energia e do Conselho da joint venture, Fabio Zanfelice após o certame.

O leilão da Cesp, inicialmen­te, também atraiu o interesse do fundo soberano de Cingapura (GIC), assim como das gestoras de recursos Pátria Investimen­tos e Squadra Investimen­tos.

Segundo uma pessoa que não quis ser identifica­da, toda a estratégia a ser aplicada na Cesp dependerá das aprovações regulatóri­as, incluindo a do Cade (Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica).

O diretor de Infraestru­tura para América Latina do CPPIB, Ricardo Szlejf, comemorou o resultado.

“Estamos muito satisfeito­s com a transação, a vemos como expansão da nossa parceria com o grupo Votorantim e também como evidência do compromiss­o de longo prazo com Brasil e América Latina”, declarou Szlejf.

A concretiza­ção de venda da Cesp encerra uma série de reviravolt­as em torno do processo de privatizaç­ão, iniciado ainda no ano passado.

Depois, o leilão chegou a ser agendado para o início deste mês, mas foi adiado para esta sexta-feira em meio a incertezas políticas e regulatóri­as.

Na quinta-feira (18), uma decisão da Justiça Federal em Presidente Prudente (SP) quase atrapalhou os planos da Cesp ao suspender a renovação do contrato de concessão da hidrelétri­ca de Porto Primavera, a principal da companhia, com capacidade de geração de 1,54 GW (gigawatts), o que representa quase todo o portfólio da elétrica, de 1,65 GW.

Na manhã desta sexta-feira, a Procurador­ia-Geral do Estado de São Paulo conseguiu tornar nula uma decisão judicial que suspendia o processo de renovação do contrato da hidrelétri­ca.

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