Dólar cai 1,69% na semana e fecha a R$ 3,72 com cenário eleitoral estável
Bolsa brasileira é favorecida por pregão mais tranquilo no exterior e avança 0,44%, a 84.219 pontos
A uma semana do segundo turno, o mercado financeiro terminou os negócios em ritmo mais morno e deixou para trás a euforia vista nas semanas que sucederam a primeira etapa da disputa eleitoral.
O dólar recuou, enquanto a Bolsa teve leve alta.
O desempenho desta sextafeira (19) ficou em linha com o exterior, que teve um pregão relativamente positivo após perdas registradas na véspera, sinal de que o mercado consolidou suas apostas em Jair Bolsonaro (PSL).
O dólar recuou 0,26% e fechou a R$ 3,7150 —na semana, a queda foi de 1,69%, mas a moeda americana ficou distante da mínima de R$ 3,68 registrada na quarta-feira (17).
O Ibovespa, principal índice acionário do país, subiu 0,44%, a 84.219 pontos. Na semana, a alta foi de 1,88%.
O pregão foi marcado pela alta de quase 30% nas ações da Linx, que fecharam na máxima de R$ 25.
A empresa de software para o varejo anunciou uma subcredenciadora de cartões (parceria no setor de maquininhas) que terá a função “split de pagamento”, com a qual o lojista consegue repassar custos a fornecedores no ato da transação.
Na semana, no entanto, o noticiário foi dominado pelo desenrolar da corrida eleitoral, com pesquisas de intenção de voto consolidando a larga vantagem de Bolsonaro sobre Fernando Haddad (PT) na preferência dos eleitores.
Na quinta-feira (18) à noite foi conhecida nova pesquisa Datafolha, que mostrou Bolsonaro com 59% dos votos válidos, ante 41% que devem ser concedidos a Haddad.
“Bolsonaro mantém confortável distância em relação a Haddad. A nove dias do segundo turno, poucas são as chances de Haddad”, escreveu o banco Fator em relatório.
Os números favoráveis a Bolsonaro, candidato preferido pelo mercado financeiro por ser visto como defensor de propostas mais liberais no campo econômico, minimizaram o impacto da denúncia de que empresários favoráveis ao capitão reformado do Exército teriam contratado ilegalmente empresas para disparar mensagens de WhatsApp contrárias ao PT.
O PT entrou com ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) impugnando a chapa. O tribunal, que havia convocado uma coletiva de imprensa para esta sexta, adiou a reunião para a tarde de domingo.
“É difícil que a ação movida pelo PT prospere, em nossa visão”, escreveu a Guide.
Até a possibilidade de Ilan Goldfajn deixar o Banco Central ao fim do mandato de Michel Temer, em dezembro, aventada na quinta, se dissipou no noticiário mais morno desta sexta.
No exterior, o PIB (Produto Interno Bruto) da China mostra desaceleração econômica, com crescimento de 6,5% no terceiro trimestre ante igual período de 2017.
Mesmo assim, os mercados chineses avançaram. Nos Estados Unidos e na Europa, o dia foi misto. O índice Dow Jones subiu 0,26%, enquanto o S&P e o Nasdaq recuaram.
O PIB (Produto Interno Bruto) da China cresceu 6,5% no terceiro trimestre ante o ano anterior, ritmo mais baixo desde o primeiro trimestre de 2009, no pico da crise financeira global.
Os números trazem preocupação num cenário de guerra comercial com os EUA, que pode enfraquecer mais a segunda maior economia do mundo.
Antes da divulgação dos dados, economistas esperavam que o crescimento no ano chegasse a 6,6%, atingindo confortavelmente a meta do governo de 6,5%, e fosse a 6,3% em 2019. Mas agora alguns dizem que a expansão pode ainda menor no próximo ano.
“A tendência de desaceleração está se fortalecendo, apesar da promessa das autoridades chinesas de encorajar o investimento doméstico para sustentar a economia. A demanda doméstica está mais fraca do que as exportações inesperadamente sólidas”, disse Kota Hirayama, economista sênior de mercados emergentes do SMBC Nikko Securities.
“Olhando à frente, o cenário econômico não é otimista, com as exportações enfrentando mais obstáculos com as tarifas dos EUA e a demanda de países emergentes caindo. O crescimento do PIB deve desacelerar para algo entre 6% e 6,2% no próximo ano”, disse Nie Wen, analista do Hwabao Trust Shanghai.
O presidente do banco central, Yi Gang, prometeu medidas específicas para ajudar os problemas de financiamento das empresas e encorajar os bancos comerciais a impulsionar os empréstimos para empresas privadas.
Na semana passada, o Banco do Povo da China anunciou o quarto corte de compulsório de bancos deste ano, aumentando as medidas para reduzir os custos de financiamento.
E mais medidas de apoio podem vir, disseram analistas, à medida que a China começa a arcar com o peso total da disputa comercial com os EUA.
“A China está puxando todas as alavancas para sustentar a demanda doméstica diante da pressão comercial. Já existe uma grande aceleração nos empréstimos em curso”, disse Ray Attrill, diretor de estratégia cambial da NAB. xas originalmente tivessem o objetivo de fomentar o desenvolvimento da Ásia e da África, companhias chinesas agora respondem por 60% dos pacotes embarcados para os EUA e se aproveitam das tarifas mais baixas para transportar roupas, eletrodomésticos e bens de consumo eletrônicos.
Muitos sites chineses, como o AliExpress, oferecem postagem gratuita da China, em parte em razão das tarifas baixas de correio, dizem funcionários do governo americano.
A decisão deve inflamar as tensões entre EUA e China, acusada por Trump de práticas comerciais desleais e punida com tarifas sobre US$ 250 bilhões em produtos.