Folha de S.Paulo

Ex-vice-premiê britânico vai para o Facebook

Ida de Nick Clegg para equipe de assuntos mundiais e comunicaçõ­es sugere que rede quer melhorar conexões com UE

- Financial Times, tradução de Paulo Migliacci

O Facebook contratou Nick Clegg, ex-primeiromi­nistro do Reino Unido, para comandar sua equipe de assuntos mundiais e comunicaçõ­es, diante dos problemas que a empresa enfrenta quanto a proteção de dados e da ameaça de maior regulament­ação governamen­tal.

Clegg, 51, vai se mudar para o Vale do Silício em janeiro para suceder Elliot Schrage, que em junho anunciou que deixaria o Facebook depois de dez anos na empresa.

O britânico é a contrataçã­o mais importante a vir de fora da empresa desde 2014, quando David Marcus, ex-presidente do PayPal, foi levado para dirigir o Messenger.

A decisão de contratar Clegg, ex-negociador comercial da Comissão Europeia e membro do Parlamento Europeu, sugere que a empresa está tentando melhorar suas conexões em Bruxelas, onde o Facebook enfrenta batalhas cada vez mais intensas quanto a privacidad­e de dados, desinforma­ção e retórica do ódio.

Vera Jourova, comissária da Justiça da União Europeia, encarregad­a da proteção de dados e da integridad­e eleitoral, declarou no ano passado que cancelou sua conta no Facebook porque o site se havia tornado “uma rodovia para o ódio”.

Clegg disse acreditar que o Facebook precisa enfrentar questões espinhosas sobre como a tecnologia afeta a sociedade “não trabalhand­o sozinho no Vale do Silício, mas com as pessoas, organizaçõ­es, governos e autoridade­s regulatóri­as de todo o planeta, a fim de garantir que a tecnologia seja uma força para o bem”.

O ex-vice-premiê liderava o Partido Liberal Democrata no governo de coalizão com os conservado­res de David Cameron, entre 2010 e 2015, mas perdeu seu assento no Parlamento em 2017.

Clegg aceitou o emprego depois de meses de insistênci­a do presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, que disse a ele que teria papel de liderança na reformulaç­ão da estratégia da companhia.

Entre as crises que o Facebook enfrentou nos dois últimos anos estão a interferên­cia russa e as notícias falsas que influencia­ram a eleição americana de 2016, o vazamento de dados da Cambridge Analytica e um ataque cibernétic­o que expôs informaçõe­s de 30 milhões de usuários.

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