Pesadelo, controle de armas é reduzido em planos de candidatos a governador do Rio
Outra promessa criticada, de ambos os candidatos, é a tentativa de negociar com o governo federal para que as Forças Armadas continuem atuando nas ruas do estado, que acontece desde julho de 2017 através de um decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) de Michel Temer (MDB).
A medida, que vai até dezembro deste ano e pode ser prorrogada, também é considerada equivocada por estudiosos porque, apesar dos gastos, não conseguiu reduzir a violência. O apoio da população da capital à presença do Exército vem caindo, mas ainda é majoritário (66% a aprovam, ante 83% há um ano).
A GLO ocorre paralelamente à intervenção federal, um outro decreto que significa que as polícias, bombeiros e prisões estão sob responsabilidade da União também até dezembro —esse já foi sinalizado pelos militares que não há chance de renovação.
O próximo governador terá que enfrentar a transição para retomar o controle da segurança pública do estado, assunto que nenhum deles cita em seus programas.
Um dos pontos mais polêmicos é a questão das mortes por policiais. Witzel propõe a “autorização para abate de criminosos” portando armas pesadas. “Essa proposta é uma violência a todos os avanços que fizemos desde 1988”, diz o cientista político João Trajano Sento-Sé, da Uerj (Universidade Estadual do RJ).
“Isso é demagogia pura, uma proposta eleitoreira, porque na prática isso já é implementado no Rio”, afirma Samira Bueno. O Ministério Público arquivou 99% dos autos de resistência (mortes por policiais em confronto) no estado de 2001 a 2011, segundo um estudo da UFRJ (federal do RJ).
Já Eduardo Paes fala em “reduzir mortes causadas por confrontos armados” com planejamento e inteligência, mas, contraditoriamente, assim como Witzel, tem tentado se aproximar do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), que defende a não punição de policiais nessa situação.
Para João Trajano, os fluminenses estão diante de dois programas genéricos que não trazem expectativas para a melhora da violência no Rio. Uma proposta “reacionária”, de Witzel, e uma “conservadora”, de Eduardo Paes.