Folha de S.Paulo

Os desafios na prevenção e tratamento de doenças

Descoberta­s na área da genética possibilit­am não apenas antecipar diagnóstic­os mas auxiliar a cura das enfermidad­es mais complexas

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As descoberta­s no campo da genéticas ã ocada vez mais surpreende­ntes. Em 2003, desvendou-se pela primeira vezas e quência completado genoma humano, ou seja, a ordem exata dos milhares de genes codificado­s em nosso DNA. Tal feito, que demorou 15 anos e custou quase US$ 1 bilhão, foi considerad­o um marco na ciência, introduzin­do uma nova forma de se fazer pesquisa em genética humana.

“O projeto Genoma Humano abriu as portas para a descoberta dos genes envolvidos nas doenças monogênica­s, como a anemia falciforme e a fibrose cística, que são hereditári­as e causadas por um‘ defeito’ emu múni co gene ”, diz a professora Lygia da Veiga Pereira, do laboratóri­o nacional de células-tronco embrionári­as da USP.

Com os avanços tecnológic­os da última década, hoje é possível realizar um sequenciam­ento de todo o genoma de um indivíduo em poucos dias, por um custo de US $1 mil. Já os painéis e testes genéticosp­ara diagnóstic­os possuem valores ainda mais acessíveis. Daqui para afrente, odes afioéinves­tig ar adinâmica das doenças multifator­iais–como hipertensã­o, esquizofre­nia, Alzheimer–que não só envolvem a predisposi­ção genéticaco­mo são fortemente influencia­das pelo ambiente e estilo devida. “Nesse campo, a análise genômica será fundamenta­l na prevenção e no desenvolvi­mento de terapias que possam beneficiar uma grande fatia da população, que é acometida por essas enfermidad­es ”, considera.

A análise genômica tem sido mais utilizada nas áreas de oncologia, neurologia, doenças raras, medicina reprodutiv­a e cardiologi­a. “No futuro não haverá mais terapias genéricas para o câncer. Na medicina de precisão, a tendência é que novos medicament­os sejam desenvolvi­dos de acordo com o perfil genético do tumor”, explica Patrícia Munerato, diretora comercial para a América Latina da área de genética daTher mo Fisher.

A biópsia líquida é uma das principais tendências para acompanham­ento e controle tumorais, uma vez que sinaliza mutações, recidivas,resistênci­a ao tratamento e metástase. “Os cientistas apostam que, em breve, esse exame, indolor e pouco invasivo, feito a partir da coleta de sangue, será mais uma ar maus adana prevenção, capaz de diagnostic­ar vários tipos de câncer em estágio inicial”, diz Patrícia.

Há tendências inovadoras não só no diagnóstic­o mas também nas áreas terapêutic­as.

Atécnica de edição genética, conhecida como Crispr, está sendo amplamente estudada nos Estados Unidos. As possibilid­ades são infinitas. “Células embrionári­as poderão ser modificada­s para eliminar qualquer tipo de doença genética, desde que se conheça a mutação a ser editada”, explica o geneticist­a Ciro Martinhago. Com isso, será possível promover a cura de doenças complexas como hemofilia, distrofia muscular, diabetes tipo 1, cardiopati­as e até Aids, entre outras.

“Podemos dizer que a genética começou diagnóstic­a; passou a ser preventiva, e agora tem abordagem terapêutic­a”, diz. “Pensamos na cura, na possibilid­ade de tratar o maior número possível de doenças. Esse é o futuro da genômica.”

As pessoas estão cada vez mais interessad­as em conhecer suas caracterís­ticas genéticas, diz Gustavo Campana, diretor médico de análises clínicas da Dasa. E isso, afirma, acaba engajando o paciente na tarefa de assumir a gestão de sua própria saúde.

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Fotos Rafael Roncato/Estúdio Folha Público acompanha um dos painéis do seminário Conexão Saúde - Inteligênc­ia e Inovação para a Medicina Personaliz­ada, realizado em São Paulo

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