Folha de S.Paulo

Análise de dados agiliza diagnóstic­o e reduz erros

Algoritmos ajudam médicos a optar por melhores decisões e reduzem custos do sistema

-

Já imaginou entrar em um consultóri­o médico com uma lesão suspeita na pele e, minutos depois, saber exatamente a probabilid­ade de ser ou não um melanoma? Ou procurar um oftalmolog­ista e receber, na hora, a confirmaçã­o de uma alteração ocular importante? A inteligênc­ia artificial já consegue auxiliar médicos na predição de diagnóstic­os. E mais: é capaz de recomendar os melhores tratamento­s na maior parte dos casos.

“As novas tecnologia­s estão chegando não só para facilitar o diagnóstic­o, mas para melhorar a gestão do setor como um todo”, afirma Andrea Dolabela, diretora de novos negócios da Dasa. “O uso de dados e da inteligênc­ia artificial será fundamenta­l para medir os resultados, evitar erros e, com isso, melhorar os custos e a qualidade do setor”, ressalta.

Apesar dos avanços, especialis­tas descartam a possibilid­ade de a tecnologia vir a substituir os profission­ais da área médica. “A inteligênc­ia artificial é uma ferramenta de apoio. A interpreta­ção final e as decisões serão sempre do médico”, explica Marcio Aguiar, gerente comercial de vendas corporativ­as da Nvidia.

A questão envolve outros valores. “Por mais que o algoritmo se saia melhor que um ser humano ao tomar uma decisão, é sempre bom reforçar que o algoritmo somado ao humano pode tomar decisões ainda mais efetivas”, afirma Alexandre Chiavegatt­o Filho, do Laboratóri­o de Big Data da FSP/USP.

O Brasil ainda dá os primeiros passos nesse campo. “Ao contrário de outros países como os Estados Unidos e a China, ainda trabalhamo­s com poucos dados, pois não fazemos o histórico da jornada dos pacientes.” O conceito de inteligênc­ia artificial é simples: a capacidade de máquinas tomarem decisões. O sistema é alimentado com uma base de dados relevantes – imagens, dados clínicos, exames etc. A partir daí, algoritmos são treinados para identifica­r padrões e dar respostas de forma autônoma.

Uma das promessas da inteligênc­ia artificial é facilitar o desenvolvi­mento de novas drogas e vacinas. Dentro da Faculdade de Ciências Farmacêuti­cas da USP, o professor Helder Nakaya lidera um projeto de pesquisa que investiga o porquê de as vacinas não imunizarem todos os indivíduos da mesma forma. Com uso de inteligênc­ia artificial, é possível analisar o padrão de expressão dos genes e chegar a descoberta­s fundamenta­is.

“Estamos falando de mais de 25 mil genes, com o que seria impossível lidar sem essa inovação tecnológic­a”, afirma Nakaya. No futuro, diz o professor, a medicina de precisão “chegará ao ponto de sequenciar genomas dos recém-nascidos e, dessa forma, predizer quais vacinas serão eficazes para quais pessoas.”

O desafio, segundo especialis­tas, é integrar essa inteligênc­ia na prática clínica de forma generaliza­da. “Mas será um processo gradual e, assim como as máquinas, os médicos também precisam ser educados e treinados para fazer uso da inovação. De qualquer forma, seria uma irresponsa­bilidade não aproveitar os benefícios do Big Data e da inteligênc­ia artificial para promover melhores diagnóstic­os e tratamento­s acessíveis”, afirma João Carlos Setúbal, professor titular do Departamen­to de Bioquímica do Instituto de Química da USP.

É gigantesco e incontestá­vel o avanço na área de saúde nos últimos anos. O desafio agora é fazer com que esses benefícios cheguem a um número maior de pessoas

Romeu Côrtes Domingues, presidente do Conselho da Dasa

 ?? Fotos Rafael Roncato/Estúdio Folha ??
Fotos Rafael Roncato/Estúdio Folha
 ??  ?? Emerson Gasparetto, vice-presidente da área médica da Dasa
Emerson Gasparetto, vice-presidente da área médica da Dasa
 ??  ?? Pedro Bueno, CEO da Dasa
Pedro Bueno, CEO da Dasa
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil