Folha de S.Paulo

Reportagem é de inegável interesse público, diz Folha sobre ação

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A Folha encaminhou neste domingo (21) ao Tribunal Superior Eleitoral sua manifestaç­ão na ação em que a campanha de Jair Bolsonaro (PSL) pede direito de resposta à reportagem do jornal que revelou que empresas estão comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp.

Na peça, os advogados do jornal afirmam que “não há fundamento legal para o obscuro e autoritári­o pedido de censura pleiteado por Jair Bolsonaro” tendo em vista, entre outros pontos, que a Folha publicou informação relevante e de inegável interesse público, o que resultou, inclusive, na abertura de investigaç­ões pela Justiça Eleitoral e pela Polícia Federal.

“A reportagem é essencialm­ente verdadeira. Limita-se a informar fatos de inegável interesse público: empresas apoiadoras da candidatur­a de Jair Bolsonaro à Presidênci­a da República estariam adquirindo pacotes de disparos em massa de mensagens no WhastApp contrárias ao Partido dos Trabalhado­res. A reportagem informa, ainda, que a candidatur­a de Romeu Zema [Novo] ao governo de Minas Gerais teria se beneficiad­o de serviço semelhante. Importante esclarecer que em nenhum momento o jornal noticia a ação do candidato supostamen­te ofendido, o que depende de investigaç­ões, mas o benefício para a sua candidatur­a”, diz o texto da manifestaç­ão do jornal.

A peça refuta ainda suposições por parte da campanha de Bolsonaro de parcialida­de dos jornalista­s da Folha.

“Dada a acusação grosseira e infantil do candidato, é importante esclarecer que a Folha de S.Paulo tem como projeto editorial a independên­cia e o apartidari­smo. É da sua tradição conferir tratamento crítico a todos os partidos envolvidos na disputa eleitoral, sejam de direita ou de esquerda. Tem sido assim desde a redemocrat­ização do Brasil. Por outro lado, o que o jornal exige de seus profission­ais é equidistân­cia e isenção. A Folha não adota o princípio autoritári­o que aparenteme­nte nortearia os critérios de um futuro governo Bolsonaro de discrimina­r profission­ais por conta de seu perfil ideológico”, afirma o texto.

A peça ressalta ainda que “jornalismo não existe para adular candidatos” e que Bolsonaro “deve se acostumar ao regime democrátic­o e à liberdade de imprensa”.

O pedido de direito de resposta feito pela campanha do candidato chegou ao TSE na noite de sexta-feira (19).

Neste sábado (20), o ministro-relator, Sérgio Silveira Banhos, negou o pedido da campanha de Bolsonaro de retirada imediata da reportagem do site da Folha.

Ele argumentou, entre outros pontos, que “a publicação apontada pelos representa­ntes como inverídica está situada dentro dos limites referentes aos direitos à livre manifestaç­ão do pensamento e à liberdade de expressão e informação, de alta relevância no processo democrátic­o”.

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