Folha de S.Paulo

Atos pelo país a favor de Bolsonaro ironizam a suspeita de caixa dois

Manifestan­tes se reuniram e dizem que atuam nas redes sociais de graça; candidato atacou a Folha

- Pedro Ladeira/Folhapress José Marques, Lucas Vettorazzo, Gustavo Uribe e Carolina Linhares

Em atos pelo Brasil, apoiadores do candidato à Presidênci­a Jair Bolsonaro (PSL) ironizaram neste domingo (21) as suspeitas de financiame­nto por empresas de disparo de mensagens contra a candidatur­a de Fernando Haddad (PT).

Os manifestan­tes vestiram caixas de papelão nos protestos com a inscrição “caixa dois” e gritaram, em coro, “eu vim de graça”. Também usavam cartazes dizendo que são “os robôs de Bolsonaro”.

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) abriu investigaç­ão sobre o caso após a Folha revelar que empresas estavam contratand­o disparos antiPT em massa no WhatsApp.

Haddad acusou Bolsonaro de estar envolvido com a distribuiç­ão das mensagens e afirmou que ele tenta fraudar o processo eleitoral.

De camisa verde e amarela e com bandeiras do Brasil, manifestan­tes também pediram que o segundo turno fosse com cédulas de papel, uma das bandeiras do candidato.

Cartazes também faziam referência à fala de Cid Gomes (PDT), coordenado­r da campanha do irmão Ciro Gomes (PDT) e apoiador de Haddad, à militância petista: “Lula tá preso, babaca.” O vídeo da fala foi usado na campanha de Bolsonaro na televisão.

No ato em São Paulo, na ave- nida Paulista, o próprio Bolsonaro apareceu em videoconfe­rências em telões de movimentos que o apoiam.

Em crítica ao PT, prometeu “varrer do mapa esses bandidos vermelhos do país”. “Essa turma, se quiser ficar aqui, vai ter que se colocar sob a lei de todos nós. Ou [então] vão para fora ou vão para a cadeia.”

Disse que tipificari­a as ações do MST como terrorismo e afirmou que, caso eleito, daria retaguarda jurídica à polícia para “fazer valer a lei”.

Bolsonaro também fez referência­s ao ex-presidente petista. “Senhor Lula da Silva, se você estava esperando o Haddad ser presidente para assinar o decreto de indulto, vou te dizer uma coisa: você vai apodrecer na cadeia.”

Antes dele, a deputada estadual eleita Janaina Paschoal (PSL) afirmou que os petistas irão perder a eleição não por causa de fake news (notícias falsas), mas devido às “true news” (notícias verdadeira­s) e relacionou o partido a desvios de recursos públicos.

“Fake news é dizer que o Brasil não esta abraçando essa candidatur­a com amor”, afirmou. “Não é WhatsApp, não, não é o Facebook, não. É a safadeza deles que está destruindo eles próprios”, afirmou.

Janaina também respondeu às críticas sobre a ausência de Bolsonaro em debates televisivo. O capitão reformado diz que não participar­á dos encontros com Haddad.

“Se Haddad quiser debater, venha ele, venha a Gleisi [Hoffmann, presidente do PT], venha Lula, venha toda a turma dele, que eu encaro eles sozinha”, convocou.

Também participar­am do ato o ex-prefeito de São Paulo João Doria (PSDB), que concorre ao governo, e o senador eleito Major Olímpio (PSL).

No carro de som do MBL (Movimento Brasil Livre), além de críticas ao PT e à esquerda, houve críticas ao adversário de Doria na eleição, o governador Márcio França (PSB). “Muito cuidado com as eleições estaduais porque aqui eles não estão com a estrela vermelha na testa”, discursou o vereador Fernando Holiday (DEM).

Na avenida, além dos carros de som, foi inflado um pixuleko, boneco vestido com roupa de presidiári­o que faz alusão ao ex-presidente Lula.

O protesto em Belo Horizonte também teve a participaç­ão de um candidato ao governo. Romeu Zema (Novo), líder das pesquisas em Minas Gerais, foi à Praça da Liberdade, onde houve o ato. Zema já declarou voto em Bolsonaro e o apoio ao capitão reformado no primeiro turno fez suas intenções de voto crescerem.

No Rio, os manifestan­tes se reuniram em Copacabana, na zona sul, também vestidos com caixas de papelão.

Em Brasília, o protesto começou pela manhã em frente ao Museu Nacional e se estendeu até o Congresso. “Nós estamos aqui votando pela mudança. Se o governo for ruim, voltamos pra rua e tiramos ele”, disse Sara Santana, 36.

Não houve estimativa­s de público nos protestos por parte das organizaçõ­es ou polícia. Nas redes sociais, o MBL também ironizou: “Parabéns aos milhões de robôs e perfis falsos que foram às ruas hoje lutar pelo Brasil.”

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Apoiadores de Bolsonaro se vestem de ‘caixa dois’ em Brasília

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