Indústria e órgão de comércio exterior querem exclusão do Cade de conselho
Representantes da indústria têm se movimentado para barrar a inclusão do Cade (conselho de defesa econômica) na Camex, secretaria que toma decisões de alíquotas de importação e faz políticas de comércio exterior.
Um texto de decreto que estabelece a presença de um membro para consulta, ainda que sem voto, aguarda a assinatura de Michel Temer. Industriais tentam agendar um encontro com o presidente para evitar a mudança.
Para executivos do setor produtivo, o Cade tem preocupações, metodologias e instrumentos diferentes da Camex, e os propósitos dos dois não deveriam se confundir.
Uma parcela da indústria alega que a participação na Camex daria ao órgão de defesa da concorrência acesso a informações dos segmentos.
Dentro da própria Camex há resistência ao projeto.
Além de argumentos semelhantes aos de executivos da indústria, os técnicos dizem considerar que a medida traria lentidão às decisões.
Outro receio citado é que o Cade seja sempre contrário a medidas de defesa dos produtores de bens nacionais.
A iniciativa da alteração partiu do próprio Cade.
Para representantes da autarquia de defesa da concorrência, há um grau de paranoia na oposição à medida.
A ideia é coordenar as decisões —se o Cade conhecer a alíquota de um importado, poderá reprovar uma fusão ou aquisição, por exemplo.