Riquelme assombra Palmeiras e Boca em nova semifinal da Libertadores
Para ex-colegas do argentino, jogo de 2001 teve a maior atuação do ex-camisa 10 pelo time
BOCA JUNIORS PALMEIRAS
21h45, La Bombonera
Na TV: Globo, SporTV e Fox Sports
são paulo e buenos aires Para o zagueiro Jorge Bermúdez, foi a maior atuação da carreira do camisa 10. O volante Maurício Serna diz ter sido uma obra-prima. Passados 17 anos do último confronto de mata-mata entre Boca Juniors e Palmeiras, o fantasma de Juan Román Riquelme ainda pesa sobre as duas equipes.
Elas se enfrentam nesta quarta-feira (24), às 21h45, pela partida de ida das semifinais da Libertadores.
Não que o próprio Riquelme dê muita atenção a isso.
“Em 2001 foi especial porque nos classificamos. Se não tivéssemos classificado as pessoas não lembrariam tanto”, dá de ombros o jogador, em rápida conversa com a Folha.
Ele usa a máxima de Carlos Bilardo, técnico campeão mundial com a Argentina em 1986, de que é o resultado o que importa, no final de tudo.
No jogo de volta da semifinal de 2001, em São Paulo, Riquelme fez de gato e sapato os palmeirenses que tentaram marcá-lo. Durante o segundo tempo, passou a bola pelo meio das pernas do zagueiro Argel duas vezes seguidas.
Riquelme fez um gol, e o Boca se classificou nos pênaltis em mais um passo para conquistar o bicampeonato da Libertadores. No campeonato anterior, havia derrotado o mesmo Palmeiras na decisão. Também nos pênaltis.
“Foram grandes jogos contra o Palmeiras naqueles anos. Era um adversário fortíssimo, que o Boca teve força para derrotar duas vezes”, completa o ex-meia. Foram quatro empates em quatro jogos.
A sombra de Riquelme ainda paira sobre La Bombonera. Desde que deixou o clube, em 2014, a equipe não conseguiu achar um camisa 10 para substituí-lo à altura. Talvez porque não exista nenhum.
O último título continental do clube de Buenos Aires foi em 2007, quando o meia carregou a equipe nos ombros e derrotou o Grêmio na final.
“Román foi um dos melhores que vi. A atuação nas semifinais de 2001 da Libertadores foi uma obra-prima. Não há outro como ele. É um dos meus ídolos”, avalia Serna, que fez parte daquela equipe.
Para o Palmeiras, o confronto com os argentinos deste ano é o mais importante desde o início da parceria com a Crefisa. Segundo a presidente da empresa, Leila Pereira, são investidos R$ 100 milhões por ano. Ganhar o Mundial é o maior objetivo, algo que a credenciaria ainda mais a ser presidente do clube.
Para chegar aos Emirados Árabes, porém, antes é preciso conquistar a Libertadores. Campeão do torneio em 1999, o Palmeiras viu o sonho do bicampeonato naufragar em 2000 e 2001, ambas as vezes derrotado pelo Boca Juniors de Riquelme.
O futebol de Román fez com que o Palmeiras namorasse a sua contratação por alguns anos. Após o rebaixamento no Brasileiro, em 2012, o presidente Arnaldo Tirone foi a Buenos Aires negociar com o jogador e seu empresário.
Voltou ao Brasil dizendo que o reforço era certo. Uma minuta de contrato foi redigida, mas o novo presidente, Paulo Nobre, vetou a negociação.
“Houve algumas possibilidades de jogar no Brasil, mas acho que, de certa forma, eu paguei por sempre querer jogar no Boca. Era para onde queria voltar e de onde nunca quis sair”, diz Riquelme.
Foi o que aconteceu. Após algumas semanas, ele assinou novo contrato com o time argentino. A reticência de Paulo Nobre em confirmar a contratação era por causa das finanças do clube naquele momento e pela certeza de que o camisa 10 já não era mais o mesmo jogador de antes. Nos dois casos, estava correto.
“Nas negociações, ele perguntou se o ‘galego’ ainda estava no clube”, relembra o então vice-presidente palmeirense, Roberto Frizzo. “Galego” era o ex-volante Galeano.
“Batia muito o galego”, lembra Riquelme.
O que mais atrapalhou o ar- gentino ao longo de sua carreira foi sua personalidade reservada. Mesmo sendo um dos maiores meios-campistas argentinos da história atuando com a camisa do Boca Juniors, não chegou a ter grande sucesso na Europa.
Teve alguns bons momentos pelo Villarreal, da Espanha, mas sem chegar perto de ser o armador mortal que jogava em Buenos Aires.
“Sempre se falou barbaridades de Riquelme porque ele é uma pessoa muito reservada, sem muitos amigos. Mas até hoje ele não tem um sucessor. A atuação que teve em 2001 na semifinal foi a maior da carreira dele”, opina o colombiano Jorge Bermúdez, zagueiro bicampeão da Libertadores com o Boca, em 2000 e 2001.
Não há um candidato óbvio para repetir nesta quarta em La Bombonera o que Román fez no antigo Palestra Itália, naquela Libertadores de 2001.
O que é bom para o Palmeiras, que deverá jogar dentro da filosofia de Luiz Felipe Scolari, de esperar uma chance para acionar a velocidade no contra-ataque. Até porque o confronto decisivo será, mais uma vez, no Brasil.
Riquelme diz que o Boca Juniors é sempre favorito. Mas o time vem de dois jogos sem