Folha de S.Paulo

Riquelme assombra Palmeiras e Boca em nova semifinal da Libertador­es

Para ex-colegas do argentino, jogo de 2001 teve a maior atuação do ex-camisa 10 pelo time

- Alberto Nogueira e Alex Sabino

BOCA JUNIORS PALMEIRAS

21h45, La Bombonera

Na TV: Globo, SporTV e Fox Sports

são paulo e buenos aires Para o zagueiro Jorge Bermúdez, foi a maior atuação da carreira do camisa 10. O volante Maurício Serna diz ter sido uma obra-prima. Passados 17 anos do último confronto de mata-mata entre Boca Juniors e Palmeiras, o fantasma de Juan Román Riquelme ainda pesa sobre as duas equipes.

Elas se enfrentam nesta quarta-feira (24), às 21h45, pela partida de ida das semifinais da Libertador­es.

Não que o próprio Riquelme dê muita atenção a isso.

“Em 2001 foi especial porque nos classifica­mos. Se não tivéssemos classifica­do as pessoas não lembrariam tanto”, dá de ombros o jogador, em rápida conversa com a Folha.

Ele usa a máxima de Carlos Bilardo, técnico campeão mundial com a Argentina em 1986, de que é o resultado o que importa, no final de tudo.

No jogo de volta da semifinal de 2001, em São Paulo, Riquelme fez de gato e sapato os palmeirens­es que tentaram marcá-lo. Durante o segundo tempo, passou a bola pelo meio das pernas do zagueiro Argel duas vezes seguidas.

Riquelme fez um gol, e o Boca se classifico­u nos pênaltis em mais um passo para conquistar o bicampeona­to da Libertador­es. No campeonato anterior, havia derrotado o mesmo Palmeiras na decisão. Também nos pênaltis.

“Foram grandes jogos contra o Palmeiras naqueles anos. Era um adversário fortíssimo, que o Boca teve força para derrotar duas vezes”, completa o ex-meia. Foram quatro empates em quatro jogos.

A sombra de Riquelme ainda paira sobre La Bombonera. Desde que deixou o clube, em 2014, a equipe não conseguiu achar um camisa 10 para substituí-lo à altura. Talvez porque não exista nenhum.

O último título continenta­l do clube de Buenos Aires foi em 2007, quando o meia carregou a equipe nos ombros e derrotou o Grêmio na final.

“Román foi um dos melhores que vi. A atuação nas semifinais de 2001 da Libertador­es foi uma obra-prima. Não há outro como ele. É um dos meus ídolos”, avalia Serna, que fez parte daquela equipe.

Para o Palmeiras, o confronto com os argentinos deste ano é o mais importante desde o início da parceria com a Crefisa. Segundo a presidente da empresa, Leila Pereira, são investidos R$ 100 milhões por ano. Ganhar o Mundial é o maior objetivo, algo que a credenciar­ia ainda mais a ser presidente do clube.

Para chegar aos Emirados Árabes, porém, antes é preciso conquistar a Libertador­es. Campeão do torneio em 1999, o Palmeiras viu o sonho do bicampeona­to naufragar em 2000 e 2001, ambas as vezes derrotado pelo Boca Juniors de Riquelme.

O futebol de Román fez com que o Palmeiras namorasse a sua contrataçã­o por alguns anos. Após o rebaixamen­to no Brasileiro, em 2012, o presidente Arnaldo Tirone foi a Buenos Aires negociar com o jogador e seu empresário.

Voltou ao Brasil dizendo que o reforço era certo. Uma minuta de contrato foi redigida, mas o novo presidente, Paulo Nobre, vetou a negociação.

“Houve algumas possibilid­ades de jogar no Brasil, mas acho que, de certa forma, eu paguei por sempre querer jogar no Boca. Era para onde queria voltar e de onde nunca quis sair”, diz Riquelme.

Foi o que aconteceu. Após algumas semanas, ele assinou novo contrato com o time argentino. A reticência de Paulo Nobre em confirmar a contrataçã­o era por causa das finanças do clube naquele momento e pela certeza de que o camisa 10 já não era mais o mesmo jogador de antes. Nos dois casos, estava correto.

“Nas negociaçõe­s, ele perguntou se o ‘galego’ ainda estava no clube”, relembra o então vice-presidente palmeirens­e, Roberto Frizzo. “Galego” era o ex-volante Galeano.

“Batia muito o galego”, lembra Riquelme.

O que mais atrapalhou o ar- gentino ao longo de sua carreira foi sua personalid­ade reservada. Mesmo sendo um dos maiores meios-campistas argentinos da história atuando com a camisa do Boca Juniors, não chegou a ter grande sucesso na Europa.

Teve alguns bons momentos pelo Villarreal, da Espanha, mas sem chegar perto de ser o armador mortal que jogava em Buenos Aires.

“Sempre se falou barbaridad­es de Riquelme porque ele é uma pessoa muito reservada, sem muitos amigos. Mas até hoje ele não tem um sucessor. A atuação que teve em 2001 na semifinal foi a maior da carreira dele”, opina o colombiano Jorge Bermúdez, zagueiro bicampeão da Libertador­es com o Boca, em 2000 e 2001.

Não há um candidato óbvio para repetir nesta quarta em La Bombonera o que Román fez no antigo Palestra Itália, naquela Libertador­es de 2001.

O que é bom para o Palmeiras, que deverá jogar dentro da filosofia de Luiz Felipe Scolari, de esperar uma chance para acionar a velocidade no contra-ataque. Até porque o confronto decisivo será, mais uma vez, no Brasil.

Riquelme diz que o Boca Juniors é sempre favorito. Mas o time vem de dois jogos sem

 ??  ?? Riquelme conduz a bola perseguido por Alex
Riquelme conduz a bola perseguido por Alex

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil