Folha de S.Paulo

Guru de candidato do PSL cogita manter membros da atual equipe econômica

Qualidade do grupo chamou a atenção de economista cotado para a Fazenda

- Mariana Carneiro

Se Jair Bolsonaro (PSL) for eleito no domingo (28), será aberto o caminho para que seu assessor econômico, Paulo Guedes, faça convites para que integrante­s da atual equipe econômica, que já foram sondados, fiquem em seus cargos.

A formação da equipe e a formulação de um plano de governo já estão sendo estudadas pelo assessor de Bolsonaro, que deve assumir o comando de toda a área econômica caso o candidato vença a disputa, reunindo os Ministério­s da Fazenda, do Planejamen­to, da Indústria e Comércio Exterior e a Secretaria do PPI (Programa de Parcerias de Investimen­tos), hoje vinculada à Presidênci­a da República.

Em reuniões na Fazenda e no Planejamen­to, para tratar de uma eventual transição, Guedes se aproximou de Mansueto Almeida (secretário do Tesouro) e de Marcos Mendes (secretário especial do Ministério da Fazenda).

Não foram feitos convites formais, mas o assessor de Bolsonaro ficou impression­ado com os dois, dizem pessoas próximas, e sondou o interesse.

No Planejamen­to, a atenção de Guedes se voltou ao secretário de Coordenaçã­o e Governança das Estatais, Fernando Soares, e de integrante­s de sua equipe. Os encontros ocorreram no mês passado.

Os secretário­s da Fazenda demonstrar­am o conhecimen­to desejado por Guedes sobre o funcioname­nto da máquina pública e sobre assuntos considerad­os prioritári­os pela equipe de Bolsonaro na área econômica: a administra­ção do déficit público e a privatizaç­ão de estatais.

O programa de Bolsonaro promete zerar o déficit público em um ano com a privatizaç­ão de dezenas de estatais.

Antes de chegar ao Tesouro, Mansueto já havia se firmado como destacado especialis­ta em finanças públicas.

Chegou a ser cotado para assumir um posto no governo se Aécio Neves (PSDB) fosse eleito e Armínio Fraga comandasse a Fazenda.

Mendes, por sua vez, coordena a relação da Fazenda com o Legislativ­o e a chamada economia política dentro da pasta, ou seja, a escolha dos temas que a, cada momento, a equipe levará para a discussão com outros setores do governo.

Alguns integrante­s da equipe já teriam sinalizado que pretendem deixar o governo. É o caso de Ana Paula Vescovi (secretária-executiva), João Manoel Pinho de Mello (Produtivid­ade e Advocacia da Concorrênc­ia) e Marcelo Estevão (Assuntos Internacio­nais).

Eles foram informados pelo ministro Eduardo Guardia (Fazenda) de que convites para sua permanênci­a poderiam ser feitos por Guedes, caso Bolsonaro seja eleito. O PSL é um partido nanico, que não tem quadros técnicos.

Os secretário­s se colocaram à disposição para participar da transição, mas não se compromete­ram em permanecer.

Pinho de Mello deve retornar à academia, em São Paulo, e Estevão estuda propostas em Washington, onde mora sua família. Vescovi vive na ponte aérea entre Brasília e Vitória, onde está sua família.

Dois integrante­s da equipe não devem ficar. O secretário de Política Econômica, Fábio Kanczuk, assume em 1º de novembro posto de representa­nte do Brasil no Banco Mundial, substituin­do Otaviano Canuto, que deixa o cargo. Mello acumulará as funções até o fim do governo Michel Temer.

Marcelo Caetano, responsáve­l pela proposta de reforma da Previdênci­a, também deixa a Fazenda sob Guedes.

No caso do Banco Central, a troca do presidente Ilan Goldfajn não é considerad­a prioritári­a. Guedes chegou a sondar o economista, mas rumores de que ele não pretendia ficar no cargo criaram mal-estar entre bolsonaris­tas.

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