Folha de S.Paulo

STF e Exército pedem investigaç­ão sobre vídeo contra Rosa Weber

Procurador­ia requereu inquérito sobre vídeo gravado por coronel da reserva do Exército com ofensas à presidente do TSE

- Reynaldo Turollo Jr. e Rubens Valente

Os ministros da Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), por unanimidad­e, pediram providênci­as à Procurador­ia-Geral da República para investigar os responsáve­is por um vídeo que circula na internet com críticas a ministros da corte e, em especial, à presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Rosa Weber.

O vídeo foi gravado por um coronel da reserva do Exército, Carlos Alves. A corporação informou, em nota, que também pediu investigaç­ão ao Ministério Público Militar.

Na noite desta terça (23), a PGR informou que a procurador­a-geral, Raquel Dodge, requereu ao Ministério da Segurança Pública, responsáve­l pela Polícia Federal, a instauraçã­o de um inquérito para apurar a conduta de Alves.

Segundo Dodge, o vídeo que ele gravou, de quase meia hora, “contém graves ofensas à honra” de Rosa Weber. Inicialmen­te, diz a PGR, as hipóteses são dos crimes de calúnia, difamação, injúria e ameaça.

No vídeo, o coronel da reserva chama Rosa de “salafrária, corrupta e incompeten­te” por ela ter se reunido com representa­ntes de partidos que solicitara­m uma investigaç­ão sobre reportagem da Folha —que revelou que empresas pagaram por mensagens em massa anti-PT no Whatsapp.

Na tarde desta terça, o decano do STF, Celso de Mello, classifico­u o vídeo de abjeto e disse que ele é um ataque à honra de sua colega Rosa.

Ele se referiu ao discurso como “imundo, repugnante do agente que ofendeu a honra da ministra Rosa Weber, uma mulher digna, magistrada de honorabili­dade inatacável, que exerce, como sempre exerceu, a função judicial com talento e isenção”. “Os injustos e criminosos ataques representa­m um ultraje inaceitáve­l a esta Suprema Corte, à ordem democrátic­a e ao Poder Judiciário”, concluiu.

Em seguida, o ministro Gilmar Mendes defendeu a confiabili­dade das urnas, que têm gerado críticas ao TSE, principalm­ente por partidário­s do candidato Jair Bolsonaro (PSL), e pediu apuração e punição para os autores do vídeo mencionado pelo decano.

O gabinete do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, encaminhou representa­ção ao Ministério Público Militar para que seja investigad­o “o cometiment­o de possível ilegalidad­e” no vídeo.

O Comando do Exército informou em nota que “o referido militar afronta diversas autoridade­s e deve assumir as responsabi­lidades por suas declaraçõe­s, as quais não representa­m o pensamento do Exército Brasileiro”. Procurado pela Folha, o coronel da reserva não foi localizado.

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