Folha de S.Paulo

WhatsApp é vetor de fake news no Brasil; nos EUA, papel é do Facebook

- Paula Leite

Alguns fatores ajudam a explicar por que, nas eleições nos Estados Unidos, foi o Facebook a rede que se tornou vetor de notícias falsas e desinforma­ção, enquanto no Brasil é o WhatsApp que desempenha papel similar.

O cresciment­o do WhatsApp no Brasil muito tem a ver com a cobrança unitária, por operadoras, pelo envio de SMS. Em vez de pagar alguns centavos a cada mensagem enviada, o brasileiro paga alguns centavos pelos dados usados e envia milhares de recados no aplicativo de mensagens —isso se não tiver algum dos muitos pacotes, inclusive pré-pagos, em que o uso do WhatsApp é ilimitado.

Nos EUA, onde há anos as empresas oferecem pacotes com SMS ilimitados, os apps de mensagens não “pegaram”.

No entanto, os SMS são uma opção pobre para repassar fotos e vídeos, o pão e manteiga das campanhas políticas online —isso explica em parte o Facebook ser, nos EUA, o canal primordial para repassar e espalhar esse tipo de conteúdo.

Outra questão é que, embora seja possível criar grupos de SMS, há limites de participan­tes (apenas dez, em algumas operadoras dos EUA).

Em países como Estados Unidos, México, Canadá e Reino Unido, quem “ganhou” a guerra pela atenção dos usuários foi o Facebook, enquanto no Brasil, Argentina, Índia e Indonésia, entre outros, o vencedor foi o WhatsApp.

Não que o brasileiro não use o Facebook —a plataforma tem até mais usuários ativos no Brasil que o WhatsApp, 127 milhões ante 120 milhões.

Mas dados da ComScore indicam que o brasileiro passa muito mais tempo no WhatsApp do que no Facebook no celular, o que mostra o uso mais intenso da primeira rede. Nos EUA, o campeão disparado de tempo de uso no celular é o Facebook —o WhatsApp nem aparece entre os dez apps campeões nesse quesito.

Por fim, o Facebook é uma rede que concentra usuários mais velhos nos EUA, onde os mais jovens, de até 24 anos, passam mais tempo em outras plataforma­s como Instagram e Snapchat. No entanto, o eleitor americano também tende a ser mais velho —o voto não é obrigatóri­o e os mais jovens comparecem pouco.

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