Folha de S.Paulo

Trump usa imigração para atacar democratas a 2 semanas de eleições

Em comício no Texas, presidente americano culpa rivais por caravana vinda da América Central

- Danielle Brant Luis Echeverría/Reuters

O presidente americano, Donald Trump, aproveitou um comício no Texas ao lado de um ex-adversário político na noite de segunda (22) para subir o tom contra a caravana de migrantes da América Central que se aproxima da fronteira dos EUA.

Ao lado do senador Ted Cruz, rival nas primárias republican­as nas eleições presidenci­ais de 2016, Trump advertiu os eleitores sobre “elementos criminosos” que estariam infiltrado­s na caravana.

“É um ataque ao nosso país e nessa caravana há pessoas muito ruins e nós não podemos deixar isso acontecer ao nosso país”, afirmou Trump, em Houston. Ele sugeriu que os rivais políticos estariam instigando a caravana. “Eu acho que os democratas têm algo a ver com isso.”

Trump voltou a responsabi­lizar os democratas pelas políticas migratória­s americanas, que ele considera fracassada­s, e reiteradam­ente associou membros do partido rival a crimes cometidos por imigrantes ilegais.

Trump disse ainda que os democratas querem dar aos estrangeir­os assistênci­a social gratuita e direito a voto e também desejam abrir fronteiras. Para mudar as leis de imigração, argumentou, é preciso assegurar maioria republican­a na Câmara dos Deputados e no Senado, em jogo nas eleições legislativ­as.

“Nós não temos votos suficiente­s. Por exemplo, no Senado precisamos de 60 votos. Temos 51. Precisamos de 60 votos. Então eles não permitem que façamos isso [mudar as leis]. Eles estão matando e ferindo americanos inocentes”, disse o presidente.

A escalada no ataque aos democratas ocorre a 14 dias das eleições legislativ­as. Com a ofensiva, o presidente tenta evitar que os republican­os percam a atual maioria que detêm na Câmara e no Senado —os democratas acreditam em uma onda azul.

Os dois partidos têm se apegado ao tema imigração na tentativa de converter votos de eleitores. No lado democrata, o foco é nas controvers­as medidas adotadas pela administra­ção do republican­o, como a separação de famílias na fronteira.

Do lado vermelho, a tentati- va é de responsabi­lizar rivais por leis imigratóri­as considerad­as frágeis e que permitem a entrada de criminosos, segundo a retórica republican­a.

No comício, Trump se declarou nacionalis­ta. “Um globalista é uma pessoa que quer que o mundo vá bem, francament­e sem se importar tanto com seu país. Sabe, não podemos fazer isso”, disse o republican­o, aplaudido pelos presentes. “Vocês sabem o que eu sou, sou um nacionalis­ta. Usem essa palavra.”

Foi a primeira vez que Trump se associou diretament­e à ideologia política, que por muito tempo definiu as medidas adotadas por seu governo e ações protecioni­s- tas no comércio, enquanto ele busca impulsiona­r a produtivid­ade doméstica.

O presidente também procurou aparar as arestas com Cruz, que disputa uma eleição acirrada no Texas, estado com histórica inclinação republican­a. O adversário pela vaga no Senado é o democrata Beto O’Rourke, atualmente deputado.

Na campanha de 2016, ele chamou o então adversário de Ted mentiroso. Nesta segunda, antes do comício, o apelido mudou para Ted bonito.

“Um globalista é uma pessoa que quer que o mundo vá bem, francament­e sem se importar tanto com seu país. [...] Vocês sabem o que eu sou, sou um nacionalis­ta. Usem essa palavra

Donald Trump

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Homem com carrinho de bebê passa ao lado de caminhão de transporte de trator usado por imigrantes em Chiquimula, na Guatemala
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