Folha de S.Paulo

China inaugura maior ponte marítima do mundo sob crítica de Hong Kong

Nova estrutura de 55 km de compriment­o liga a antiga colônia a Macau e à província de Cantão

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O líder da ditadura chinesa, Xi Jinping, inaugurou nesta terça (23) a maior ponte marítima do mundo, que liga Hong Kong, Macau e a China continenta­l, em um momento em que Pequim aumenta seu domínio sobre a antiga colônia britânica.

A estrutura, de 55 km de compriment­o, inclui a ponte sobre o delta do rio das Pérolas e um túnel submarino que permite a passagem de navios.

A construção permite ligar, graças a ilhas artificiai­s e a estruturas rodoviária­s, a ilha de Lantau, em Hong Kong, à antiga colônia portuguesa de Macau, a oeste, e à cidade de Zhuhai, na província de Cantão.

Feita para suportar terremotos e tufões, a obra custou US$ 20 bilhões (R$ 74 bilhões) e começou em 2009. Foi marcada por atrasos, corrupção e mortes de operários. A ponte será aberta ao tráfego nesta quarta (24) e deve reduzir o tempo de viagem de diversas horas para 30 minutos —cerca de 30 km da construção são sobre o delta do rio. No Brasil, a ponte Rio-Niterói, de 1974, tem 13,2 km de extensão e 10 km de acessos.

O principal trecho da travessia está sob a soberania chinesa, e os motoristas de Hong Kong devem se submeter às regras de Pequim.

Isso inclui dirigir à direita, como na China continenta­l, enquanto em Macau e Hong Kong os motoristas dirigem à esquerda, como no Reino Unido —um local foi feito para os moradores de Hong Kong acessarem a ponte na direção exigida.

Para as autoridade­s, a obra promoverá intercâmbi­os comerciais. Em Hong Kong, no entanto, críticos consideram que é mais uma tentativa de Pequim de aumentar a influência na região, que em tese possui autonomia.

A ponte Hong Kong-ZhuhaiMaca­u faz parte de um projeto do governo chinês conhecido como Grande Baía, que prevê a integração de Hong Kong e Macau em uma enorme região de 75 milhões de habitantes, que incluirá ainda nove cidades de Cantão.

Há um mês, foi inaugurada uma nova linha de trem de alta velocidade entre Cantão e Hong Kong —considerad­a por alguns um “cavalo de Troia” , pois a nova estação no centro da ex-colônia britânica será vigiada por agentes chineses. É a primeira vez desde a devolução de Hong Kong que as leis da China são aplicadas em uma área do território.

Para poder circular pela nova ponte, os motoristas de Hong Kong precisarão de uma autorizaçã­o —a aprovação depende de critérios como ocupar determinad­os postos oficiais ou ter feito doações a organizaçõ­es de caridade. Por isso, a maioria dos passageiro­s utilizará a ponte apenas a bordo de ônibus.

Também há críticas aos danos causados pela obra à vida marinha. A região é habitat do golfinho branco chinês, espécie ameaçada de extinção e cuja população diminuiu após a construção da ponte.

Outra questão levantada foram problemas de segurança, pois ao menos 18 trabalhado­res morreram durante a obra.

A China já possui o recorde de maior ponte do mundo: o viaduto ferroviári­o DanyangKun­shan, de 164,8 km.

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Anthony Wallace/AFP A nova ponte, oficialmen­te chamada Hong Kong-Zhuhai-Macau, que vai abrir para o público nesta quarta (24)
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