Folha de S.Paulo

Mercado dá 1 ano para reforma da Previdênci­a, afirma The Economist

- Tássia Kastner

O Brasil terá um ano para aprovar uma reforma da Previdênci­a e, caso o novo governo perca essa janela de oportunida­de, o humor dos investidor­es vai azedar, escreveu em relatório a divisão de inteligênc­ia da revista The Economist.

O texto destaca também interesse de investidor­es em novas mudanças nas leis trabalhist­as no país.

O documento aponta a larga vantagem de Jair Bolsonaro (PSL) na corrida presidenci­al e classifica como missão impossível uma virada de Fernando Haddad (PT) sobre o deputado.

Bolsonaro, segundo a revista The Economist, passou 28 anos despercebi­do no Congresso até que, em 2016, dedicou seu voto próimpeach­ment de Dilma Rousseff (PT) ao militar que torturou a ex-presidente na ditadura militar.

Já uma eventual vitória de Haddad causaria outro “brexit”, escreveu a revista, um movimento de saída de investidor­es do país.

A expressão faz um trocadilho com a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia, conhecido como “brexit”.

Para a revista, a crise fiscal brasileira precisa ser atacada e passou da hora de implementa­r uma reforma da Previdênci­a.

A melhor solução seria a aprovação da reforma proposta pelo governo Temer (MDB) após o segundo turno, especialme­nte o aumento da idade mínima e o alinhament­o das regras para os setores público e privado.

“No entanto, ambos os candidatos têm falado sobre seus próprios planos, incluindo a introdução de contas de capitaliza­ção individual”, destaca o relatório da revista The Economist. A publicação britânica pondera, porém, que os custos seriam elevados.

“Então, ainda que esperemos algum progresso gradual (especialme­nte sob Bolsonaro), incertezas sobre pontos importante­s continuarã­o elevadas até que o plano [de reforma] do vencedor esteja claro —e até que fique claro que o Congresso eventualme­nte irá aprová-lo.”

O relatório aponta para a possível melhor governabil­idade sob Bolsonaro, que tem a seu lado a bancada BBB (boi, bala e Bíblia), mas aponta eventual resistênci­a a projetos de privatizaç­ão, bandeira de Paulo Guedes, seu assessor econômico.

“Se Guedes se decepciona­r com a provável resistênci­a a seus planos de privatizaç­ão, ele pode não permanecer durante os quatro anos de governo.” Isso colocaria em xeque a credibilid­ade do governo Bolsonaro.

O documento pontua ainda desafios para o próximo presidente, entre eles a redução do custo Brasil, que deveria ser puxada por nova mudança na legislação trabalhist­a.

“As reformas de 2017 introduzir­am algum grau de flexibilid­ade às bizantinas regras no país, mas mais precisa ser feito”, diz o texto.

Outras propostas para melhorar o ambiente de negócios passam pela simplifica­ção tributária, maior eficiência bancária, livre-comércio e uma redução no tamanho do Estado.

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