Folha de S.Paulo

Pessimismo se espalha e derruba Bolsas pelo mundo

Mercado local sofre com exterior ruim, mas dólar fica abaixo de R$ 3,70

- Tássia Kastner

Uma onda de pessimismo se espalhou pelos mercados de risco e foi responsáve­l pela queda das principais Bolsas mundiais nesta terça-feira (23).

O movimento é reflexo de uma série de notícias negativas para importante­s economias, da China aos Estados Unidos, passando por países europeus.

O mercado brasileiro não passou incólume, apesar de o otimismo eleitoral seguir na pauta: o dólar subiu 0,24%, para R$ 3,6970, e a Bolsa recuou 0,35%, a 85.300 pontos.

Entre os principais motivos para as perdas estão a desacelera­ção da economia chinesa e os impactos da guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos contra a China.

Com o início da temporada de divulgação de resultados do terceiro trimestre, empresas americanas começaram a relatar necessidad­e de aumento de preços de produtos para compensar as tarifas de importação impostas pelo presidente Donald Trump sobre produtos chineses.

A alta nos preços pode levar a inflação a subir mais do que o inicialmen­te projetado pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), motivando aumentos adicionais nas taxas de juros do país.

Juros americanos mais altos reduzem a disposição de investidor­es por ativos de risco, como aplicações em Bolsa nos EUA e em países emergentes.

Há ainda uma segunda preocupaçã­o no radar das empresas: a desacelera­ção da economia chinesa pode ter impacto sobre a demanda, levando a um menor cresciment­o da economia americana.

“A pergunta que os investidor­es farão não é necessaria­mente o impacto para o trimestre atual, mas, ‘se a China continuar desacelera­ndo, qual será o impacto para o resto de 2018 e 2019?’”, diz Patrick Palfrey, analista do Credit Suisse.

Na semana passada, a Chi- na reportou que sua economia cresceu 6,5% no terceiro trimestre, abaixo do que projetavam economista­s e a menor taxa desde o primeiro trimestre de 2009.

Há ainda no radar de investidor­es receio com o desenrolar da crise na Itália.

Pela primeira vez na história, a Comissão Europeia rejeitou um plano orçamentár­io por não cumprir as regras do bloco de forma “nunca vista antes”.

A União Europeia pediu o envio de um novo projeto ou o país estaria sujeito a punições.

O problema é que o governo italiano está disposto a manter o Orçamento deficitári­o.

Em uma carta enviada à Comissão na segunda-feira (22), a Itália reconheceu que seu plano de Orçamento viola as regras da UE, mas insistiu que seguirá em frente com ele.

“Esse é o primeiro Orçamento italiano que a UE não aprova. Não estou surpreso. Esse é o primeiro Orçamento italiano que foi escrito em Roma e não em Bruxelas”, escreveu o vice-primeiro-ministro Luigi Di Maio em uma rede social.

Com a influência negativa do exterior e noticiário eleitoral mais fraco, o Ibovespa recuou.

A perspectiv­a geral, porém, é positiva para o país. Nos próximos dias, começam a ser divulgados resultados de empresas brasileira­s e as projeções de analistas são otimistas.

Investidor­es seguem acompanhan­do as movimentaç­ões de aliados de Jair Bolsonaro (PSL) em prol da construção de uma base no Congresso, caso seja eleito.

Após o fechamento do mercado, o Ibope divulgaria pesquisa, mas analistas já não esperam grandes mudanças na vantagem de Bolsonaro sobre Fernando Haddad (PT).

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil