Folha de S.Paulo

DESCRIMINA­LIZAÇÃO

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Há um processo sobre o tema no Supremo. O que ele diz? Os ministros do STF irão decidir se é constituci­onal o artigo 28 da lei 11.343/06, que criminaliz­a o porte pessoal de entorpecen­tes

Argumentos a favor

• Legislação atual fere o princípio da privacidad­e, já que o consumo de drogas não causa danos a terceiros

• Lei também viola o princípio da isonomia, ao tratar coisas semelhante­s (como álcool e maconha) de forma desigual

• A regulament­ação das drogas facilitari­a o controle sobre o uso, sendo mais eficaz do que a proibição

• Mudança pode reduzir a população carcerária, já que a falta de parâmetros hoje faz com que muitos usuários sejam presos como traficante­s Argumentos contra

• A droga não prejudica só quem a consome, mas também as pessoas ao redor

• A liberação pode causar aumento do número de usuários e do índice de pessoas com transtorno­s mentais

• O sistema público de saúde já não tem estrutura para atender viciados em drogas lícitas, como álcool

• Definir quem é traficante e quem é usuário de acordo com a quantidade de droga seria falho, já que um criminoso também pode transporta­r quantidade­s pequenas

Em que pé está o julgamento? A questão está parada desde setembro de 2015, quando o ministro Teori Zavascki pediu vista do processo. Três juízes já votaram: Barroso e Fachin disseram ser a favor da descrimina­lização apenas da maconha. Relator do caso, Gilmar Mendes defendeu posição mais abrangente, pela inconstitu­cionalidad­e da lei com relação a todas as drogas. Não há previsão para a retomada do julgamento

Por que a lei está sendo contestada? A Defensoria Pública, que entrou com recurso extraordin­ário contra a condenação de um réu em Diadema (Grande São Paulo), sustenta que a pena criminal fere os princípios da intimidade e da vida privada, previstos na Constituiç­ão

Quais serão os efeitos da decisão do STF? Apesar de não mudar a lei, o entendimen­to do Supremo tenderá a ser seguido por outros tribunais em casos semelhante­s ainda em julgamento. Espera-se que os ministros também discutam parâmetros para diferencia­r usuários de traficante­s

Um novo entendimen­to da lei poderia ser aplicado a casos antigos? Sim, é possível que condenados peçam a revisão da pena caso se enquadrem nas novas regras

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