Falta de remédio no SUS atinge até transplantado em São Paulo
Diversos remédios de alto custo estão em falta na rede pública de São Paulo. A Secretaria Estadual da Saúde, da gestão Márcio França (PSB), confirmou que há problemas de abastecimento dos medicamentos riluzol (para esclerose), leflunomida (artrite reumatoide) e tacrolimo (transplantados de rim) e de remédios para hepatite C.
O estudante Marcus Vinicius Ribeiro, 18, morador de Santo André , no ABC, fez transplante de rim há três meses e precisa tomar sete cápsulas por dia do tacrolimo para evitar a rejeição.
Sua mãe, a dona de casa Aline Ribeiro, 39 anos, costumava retirar o remédio todos os meses na farmácia de alto custo do Hospital Estadual Mário Covas, na cidade. A retirada é de 210 unidades mensais, em duas caixas e uma cartela.
“O agendamento para a gente pegar o remédio era no dia 17, mas informaram que estava em falta e não tinha previsão de chegar. Desde então, eu ligo ou vou até o hospital todos os dias para saber se está normalizado. Até agora, nada foi resolvido”, afirma Aline.
Seu filho precisa tomar quatro cápsulas pela manhã e as outras três à noite. Por causa da falta de abastecimento, Aline teve de desembolsar R$ 590 para uma caixa de tacrolimo, que contém 100 cápsulas. “Não temos condições de ficar comprando esse tipo de remédio, é muito caro. Estamos desesperados”, conta a dona de casa.
Em relação à hepatite C, a Justiça Federal determinou que o Ministério da Saúde entregue ao estado os lotes de medicamentos e que cumpra o cronograma de entrega trimestral. Segundo o Ministério Público Federal, 4.600 pacientes aguardam a chegada desses remédios para iniciar o tratamento. Não houve entrega desde julho.
A Secretaria Estadual da Saúde da gestão Márcio França (PSB) diz que riluzol, leflunomida e tacrolimo são distribuídos aos estados pelo ministério e a entrega está irregular por parte do órgão federal.
A pasta disse que solicitou 297 mil comprimidos de riluzol, 1,1 milhão de leflunomida e 8,4 milhões de tacrolimo para serem entregues em 20 de setembro. Diz que o riluzol não chegou até o momento e que, somente na semana passada, chegaram leflunomida e 35% do pedido de tacrolimo.
O Ministério da Saúde, gestão Michel Temer (MDB), disse que os remédios riluzol, leflunomida e tacrolimo estão regulares em todo o país. Sobre os medicamentos para hepatite C, disse que fará pregão no dia 31 para normalização.