Folha de S.Paulo

Coragem e disciplina marcam vitória gremista sobre o River

- Agustin Marcarian/Reuters AS

RIVER PLATE 0 GRÊMIO 1

Em entrevista à Folha nesta semana, Renato Gaúcho disse que o Grêmio entra sempre para ganhar. Em qualquer lugar ou circunstân­cia. Mesmo que seja no Monumental de Nuñez lotado.

Foi o que aconteceu nesta terça-feira (23), quando, com um gol de cabeça do volante Michel, o time brasileiro derrotou o River Plate em Buenos Aires por 1 a 0 e ficou mais perto da classifica­ção para a final da Libertador­es.

Na partida de volta, na próxima terça (30), o Grêmio jogará pelo empate para decidir o título. Se perder por um gol de diferença, a vaga será definida nos pênaltis.

A torcida do River Plate, que lotou o estádio, passou boa parte do jogo cantando músicas que variavam na melodia, mas tinham a mesma expressão na letra: “pongan huevos” —“coloquem ovos”, um pedido em gíria vulgar para que a equipe mostrasse raça.

Era mais frustração do que uma exigência. Os argentinos atuaram com vontade, mas não encontrara­m um jeito de superar os brasileiro­s.

O Grêmio se defendeu porque não sabia como atacar. Com Jael isolado na frente, se apoiou em duas linhas defensivas para impedir o River Plate de ameaçar. Deu certo.

Renato Gaúcho entrou em campo sem suas peças mais perigosas na frente. Luan não se recuperou de ruptura parcial no ligamento do pé direito. Everton, artilheiro gremista na Libertador­es com cinco gols, ficou fora por lesão muscular na coxa direita.

O sistema de marcação funcionou porque o time visitante bloqueou todas as jogadas pelas laterais dos argentinos. O Grêmio esperava uma bola, uma falha de marcação. Esta veio em cobrança de escanteio de Alisson que Michel desviou.

Foi o primeiro gol do volante depois de cinco meses afastado, em recuperaçã­o de lesão muscular. Ele voltou a jogar apenas no último sábado, contra o América-MG, pelo Campeonato Brasileiro.

O Grêmio levou o adversário ao limite do desespero com paralisaçõ­es da partida, catimbas e quedas em campo para atendiment­o médico. Cada vez que isso acontecia, o público no Monumental se voltava para os cerca de 3.500 mil torcedores visitantes, encurralad­os em um canto da arquibanca­da, para cantar que eles eram “cagões”.

Covardia foi o que o Grêmio não apresentou no Monumental. Disciplina­do taticament­e e com fé cega no treinador, a equipe gaúcha ensaia se tornar o que foi o Boca Juniors no início do século, quando conquistou três títulos continenta­is em quatro anos (de 2000 a 2003): profission­al em Libertador­es, especialme­nte em partidas fora de casa.

Atual campeão e em busca do bi, o Grêmio quebrou invencibil­idade do River de um ano (dez jogos) no torneio.

Quanto mais o tempo passava, mais os comandados do técnico Marcelo Gallardo se enervavam e não justificav­am a condição de elenco mais técnico e ofensivo do futebol argentino. E com o pavor do rival, o Grêmio ficava mais e mais à vontade em campo.

“Não me importa se ganhe, não me importa se perca. Ponham ovos, milionário­s [apelido do clube]”, insistia o público, em noite em que a torcida foi muito superior à equipe.

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Michel comemora gol do Grêmio no Monumental de Nuñez

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