Vincular armas a caso de jornalista é ‘demagogia’, diz Macron
O presidente da França, Emmanuel Macron, disse nesta sexta-feira (26) que é “demagogia” suspender a venda de armas à Arábia Saudita por causa do assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi.
“Qual a ligação entre a venda de armas e o assassinato de Khashoggi? Entendo a conexão com o que está acontecendo no Iêmen, mas não há elo com Khashoggi”, afirmou na Eslováquia.
“É pura demagogia dizer ‘devemos parar a venda de armas’. Não tem nada a ver com Khashoggi”, acrescentou.
Jamal Khashoggi, jornalista radicado nos EUA que criticava a família real saudita e tinha uma coluna no jornal americano The Washington Post, foi morto durante uma visita ao consulado saudita em Istambul, na Turquia, no dia 2 de outubro.
A chanceler da Áustria, Karin Kneissl, defendeu que toda a União Europeia suspendesse a venda de armas ao reino, dizendo que isso também ajudaria a acabar “com a terrível guerra no Iêmen”. A Áustria é atualmente presidente da União Europeia.
As declarações foram feitas depois que a Alemanha disse que não aprovaria novas exportações de armas para a Arábia Saudita até que a morte seja esclarecida.
Na terça (23), os EUA anunciaram a revogação dos vistos de agentes da Arábia Saudita envolvidos no assassinato.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, pediu nesta sexta-feira (26) que a Arábia Saudita revele quem deu a ordem para matar Khashoggi, assim como a localização de seu corpo, dizendo que a Turquia tem mais informações sobre o caso do que as que compartilhou até agora.
Erdogan também disse que Riad precisa revelar a identidade do “cooperador local” que autoridades sauditas disseram ter levado o corpo de Khashoggi depois que o jornalista foi assassinado no consulado saudita em Istambul.
A morte de Khashoggi desencadeou repreensão global e se transformou em uma crise para o maior exportador de petróleo do mundo e para o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman (MBS), líder de fato do reino.
“Quem deu a ordem para que 15 pessoas viessem à Turquia?”, questionou Erdogan em discurso a membros de seu partido em Ancara, em referência
a equipe de segurança de 15 membros que a Turquia disse ter ido a Istambul horas antes do assassinato.
Na quinta (26), o promotor público da Arábia Saudita afirmou que o assassinato foi premeditado, mudando a versão oficial do reino para o crime.