Folha de S.Paulo

Cresciment­o, segurança e influência internacio­nal

Bolsonaro tem potencial para melhorar o Brasil

- Tom Rogan Analista político e colunista da revista americana Washington Examiner

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, tem o potencial de trazer algo novo e melhor para o Brasil, para a América Latina e para o mundo.

Os brasileiro­s têm corretamen­te mostrado seu grande desapontam­ento com o recente histórico de governança. Encapsulad­o pela condenação por corrupção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT desperdiço­u uma grande oportunida­de para o Brasil ao escolher o aparelhame­nto do Estado em vez da boa administra­ção.

Enquanto alguns tentaram apresentar Fernando Haddad como o homem que moveria o partido na direção da gestão mais responsáve­l, o histórico dele sugere o contrário. Sugere, sim, que Haddad é um leal defensor das políticas que tanto mal fizeram ao Brasil. Sua derrota, portanto, é notícia bem-vinda.

Por que devemos, então, ver Bolsonaro mais positivame­nte?

Algumas razões. Primeiro, em relação à política econômica, ele planeja reformar drasticame­nte o Estado inchado e ineficient­e. Abençoado com grandes recursos naturais e com uma mão de obra educada, o Brasil exerce uma óbvia atração nos investidor­es estrangeir­os. Mas eles não vão começar a se fixar no país até que seus líderes consigam provar que este é um local seguro para investimen­tos, onde o Estado de Direito e a facilidade de fazer negócios estejam à vista de todos.

O interesse de Bolsonaro em privatizar importante­s estatais é uma particular oportunida­de. Vale lembrar o exemplo da reforma econômica promovida pela ex-premiê britânica Margaret Thatcher (1979-1990). Diante de uma economia decrépita e pesadament­e regulada, Thatcher promoveu uma agenda de vasta privatizaç­ão, desregulaç­ão e redução de impostos. Como resultado, o Reino Unido passou de um caso perdido em 1979 para uma potência econômica global em 1989.

No entanto, seguir esse caminho não será fácil. Assim como Thatcher enfrentou protestos em massa de sindicatos e de outros grupos com benefícios adquiridos, o plano de Bolsonaro encontrará resistênci­a organizada e persistent­e. Ele precisa se manter resoluto.

Naturalmen­te, é a inseguranç­a do país, comparável a uma zona de guerra, que corretamen­te será o primeiro foco de Bolsonaro. Muito já tem sido feito do plano de colocar as Forças Armadas nas ruas, mas suas melhores ideias residem em empoderar os cidadãos cumpridore­s das leis para que eles possam se defender por conta própria mais facilmente e garantir que as forças policiais tenham recursos investigat­ivos para perseguir líderes do crime organizado e de gangues.

Quanto à segurança, Bolsonaro deve construir uma forte relação com os EUA. Afinal de contas, como a próspera economia da Colômbia e sua atual situação de estabilida­de provam, o apoio de forças americanas pode ajudar a catalisar reformas positivas nesse setor. Igualmente importante, uma parceria com os EUA nessa área serviria muito a Bolsonaro em sua promessa de drenar o cisto de aparelhame­nto e corrupção que hoje contamina a vida política brasileira.

É na arena internacio­nal, porém, que Bolsonaro pode ter sua melhor oportunida­de de fazer do Brasil uma potência, uma nação que tenha influência diplomátic­a para obter acordos comerciais favoráveis e promover seus ideais no palco global. Se as Forças Armadas do Brasil recebessem mais recursos, teriam como exercer um papel de destaque em preservar uma ordem internacio­nal que promova o livre comércio.

Esses desafios são reconhecid­amente grandes. E, sem dúvida, a retórica de Bolsonaro tem sido por vezes inapropria­da e desagradáv­el. Mas seu enérgico senso de urgência em prol de reformas é uma boa coisa. O Brasil tem a possibilid­ade de um grande futuro. Finalmente, o país tem um líder com a determinaç­ão para construir esse futuro.

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