Folha de S.Paulo

Na transição, Planalto vai ceder Granja do Torto ao eleito

Temer também autorizará Bolsonaro a reforçar sua segurança pessoal e a se deslocar em aeronave da FAB

- Gustavo Uribe e Talita Fernandes Danilo Verpa - 27.fev.18/Folhapress

O presidente Michel Temer irá autorizar o presidente eleito, Jair Bolsonaro, a receber reforço em sua segurança pessoal e a se deslocar em aeronave da FAB (Força Área Brasileira) durante a transição.

O plano da Polícia Federal, responsáve­l pela proteção do capitão reformado até a posse, é dobrar o efetivo de agentes que o acompanhar­am na campanha, de 30 para 60.

Como medida de segurança também, o Palácio do Planalto vai ceder a Granja do Torto, uma das residência­s oficiais da Presidênci­a, para que o militar permaneça durante o processo de troca do governo.

O local, poucas vezes visitado pelo atual presidente, serviu de domicílio durante as transições governamen­tais aos ex-presidente­s Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, e Dilma Rousseff, em 2010.

Caso receba Bolsonaro, precisará passar antes por pequenas reformas, como a pintura de paredes e a troca dos tapetes, que acabaram sofrendo deterioraç­ão com o tempo.

O reforço na segurança pessoal do presidente eleito é uma prerrogati­va assegurada pela legislação que regulament­a a transição, processo que começou a ser discutido entre as equipes de Temer e de Bolsonaro antes mesmo do anúncio do resultado oficial.

Na quinta (25), a quatro dias da eleição, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, se reuniu em Brasília com o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) para discutir detalhes da mudança de governo.

No encontro, Padilha comunicou a Lorenzoni os detalhes do processo, como a indicação por parte de Bolsonaro de uma equipe de 50 pessoas, que serão nomeadas pela Casa Civil após serem apontadas pelo presidente eleito.

O grupo será coordenado pelo parlamenta­r e despachará na sede local do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).

O CCBB de Brasília localizase no edifício Tancredo Neves, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e inaugurado em 1993. Ele fica a 5 km da praça dos Três Poderes e foi usado como gabinete de transição por Lula e Dilma.

Em 2009, o petista transferiu o gabinete presidenci­al para a estrutura durante reforma no Palácio do Planalto.

Segundo relatos, durante a campanha, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucio­nal, Sérgio Etchegoyen, também manteve contato periódico com o general da reserva Augusto Heleno.

Os integrante­s da equipe de transição terão direito a salário, que vai variar de R$ 2.585 a R$ 30.934, e passagem de deslocamen­to à capital federal.

A oferta de auxílio-moradia será analisada caso a caso pelo governo federal.

Em conversas reservadas, Temer reconhecia desde o início do segundo turno preferir a vitória de Bolsonaro.

A expectativ­a dele é que, diferentem­ente do prometido por Fernando Haddad (PT), o militar não revogue medidas como o teto de gastos e a reforma trabalhist­a, iniciativa­s que o presidente considera legados de sua gestão.

A previsão é que Temer e Bolsonaro se reúnam em Brasília até a próxima quarta (31).

No encontro, além de defender a manutenção das duas medidas, o emedebista pregará a necessidad­e de realização de uma reforma previdenci­ária, apesar de já considerar que não há clima político ou disposição parlamenta­r para votá-la neste ano.

“Quem deve fazer essa reforma é o novo Congresso Nacional e quem deve encaminhar ou não é o novo presidente”, disse à Folha o presidente do Senado Federal, Eunício Oliveira (MDB-CE).

Bolsonaro exclui a possibilid­ade de fazer agora mudanças no regime de aposentado­rias, mas prepara medidas legislativ­as para serem votadas nos dois últimos meses deste ano, antes de tomar posse.

A equipe do militar articula com os presidente­s do Senado e da Câmara ajustes no Orçamento para 2019, como a realocação de recursos para reforçar as áreas de segurança e infraestru­tura, e pontos de revisão do desarmamen­to.

Para o período de transição, Bolsonaro escalou Heleno para construir pontes com oficiais militares, e o presidente do PSL, Gustavo Bebianno, para cuidar de questões jurídicas.

Na preparação para a mudança de governo, o presidente eleito deve se dividir entre Brasília e Rio. Ele passará por uma terceira cirurgia durante o período de transição, o que exigirá, no mínimo, duas semanas de repouso.

A nova operação será para a retirada da bolsa de colostomia que Bolsonaro carrega desde que sofreu uma facada, em um ato de campanha eleitoral, no dia 6 de setembro.

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Soldados do Exército durante operação na Vila Aliança, na zona oeste do Rio

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