Folha de S.Paulo

Previsão é de lua de mel na economia por um ano

- Raquel Landim, Flavia Lima e Danielle Brant

Eleito com uma plataforma liberal na economia, Jair Bolsonaro (PSL) assumirá a Presidênci­a com a missão de cumprir as promessas que fez ao mercado financeiro, mas ficará sob escrutínio da indústria, que teme uma abertura unilateral da economia, nos moldes do que foi feito pelo ex-presidente Fernando Collor.

Na avaliação de Marcos Casarin, economista-chefe para a América Latina da Oxford Economics, o otimismo do mercado com Bolsonaro é fundamenta­do. “Pela primeira vez em 12 anos, temos a chance de dar uma guinada na política econômica com certa garantia de pouca interferên­cia do Estado na economia.”

Casarin prevê que lua de mel dure um ano. Em um prazo mais longo, porém, a percepção é que desafios vão se impor. “Bolsonaro vai enfrentar uma economia com cresciment­o fraco, desemprego alto e contas públicas muito deteriorad­as, tendo que encontrar rapidament­e apoio político para avançar na parte fiscal”, diz Alberto Ramos,diretor de pesquisas para América Latina do Goldman Sachs.

Representa­ntes de setores empresaria­is afirmam que estão otimistas com o novo governo, que terá respaldo das urnas para promover as reformas. Mas estão preocupado­s com outras propostas, como a de abertura comercial.

Para José Velloso, presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipament­os), é urgente uma “profunda” reforma da Previdênci­a, que reduza os benefícios concedidos aos servidores públicos. Na sua opinião, ajustar os gastos do governo é a única maneira de baixar juros e estimular o investimen­to.

Ele também apoia uma reforma tributária, que desonere o investimen­to e a exportação, mas é contra a abertura unilateral da economia que vem sendo ventilada.

“A economia não pode ser aberta de imediato. Se fizermos isso, vamos repetir o mesmo erro do Collor e destruir empregos no Brasil.”

Na semana passada, representa­ntes da indústria estiveram com Bolsonaro. Na reunião, externaram sua preocupaçã­o com o tema e pediram que o então candidato desistisse, por exemplo, da ideia de fundir os ministério­s da Fazenda e da Indústria.

“Nunca é bom concentrar poderes em uma única pessoa”, diz Fernando Pimentel, presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), sobre a proposta de transforma­r o economista Paulo Guedes num “superminis­tro”, comandando Fazenda, Planejamen­to e Indústria.

Conforme o empresário, a principal tarefa do novo presidente será “pacificar” o país e, em seguida, promover reformas estruturai­s, como previdênci­a, tributária e política.

Humberto Barbato, presicia, dente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), está “otimista” com o novo governo, que teria “autoridade” para implementa­r as reformas que o país necessita.

“Bolsonaro chega com grande respaldo popular, o que vai facilitar sua relação com o Congresso.” Ele, contudo, também se revela “preocupado” com a possibilid­ade de uma abertura unilateral da economia.

“Bolsonaro vai enfrentar contas públicas deteriorad­as. Tem que encontrar apoio para avançar no fiscal Alberto Ramos diretor do Goldman Sachs

“O novo presidente chega com grande respaldo popular, o que vai facilitar sua relação com o Congresso Humberto Barbato presidente da Abinee “A pode imediato. economia ser aberta Se não fizermos de isso, vamos repetir o mesmo erro do Collor e destruir empregos

José presidente Velloso da Abimaq “Temos chance de uma guinada na política econômica com certa garantia de pouca interferên­cia do Estado

Marcos Casarin economista da Oxford Economics

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