Folha de S.Paulo

Para ONGs, ambiente, educação e direitos humanos correm perigo

- Mariana Versolato, Rogério Gentile e Júlia Zaremba

Entidades nacionais e internacio­nais manifestar­am preocupaçã­o com a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) com relação ao futuro dos direitos civis e do ambiente no país.

O diretor da divisão das Américas da Human Rights Watch, José Miguel Vivanco, afirmou que Bolsonaro representa uma “péssima notícia para a democracia e os direitos humanos no Brasil”. Mas ele diz ter esperança nas “fortes instituiçõ­es brasileira­s, especialme­nte o Judiciário”, para conter eventuais ações autoritári­as.

“Com alguém nostálgico da ditadura militar na presidênci­a, o risco de o Brasil retroceder é real”, diz. “Vejo um futuro muito sombrio.”

Para garantir que nenhum direito fundamenta­l seja violado, Vivanco afirma que a organizaçã­o vai redobrar a atenção no Brasil depois de 1º de janeiro, quando ele assumirá a presidênci­a.

Em nota, o Observatór­io do Clima também manifestou preocupaçã­o com a política que o novo presidente deve adotar para o ambiente.

“Perseguire­mos de forma incansável o cumpriment­o das metas do Brasil contra as mudanças climática. Por fim, resistirem­os a qualquer investida contra os povos e comunidade­s tradiciona­is, protegidos pela Constituiç­ão, bem como a qualquer violência contra ativistas.”

A 360.org, que combate a mudança climática, se preocupa com a promessa de deixar o Acordo de Paris sobre o clima, apesar do recuo, e de rever demarcaçõe­s de terras indígenas: “Bolsonaro representa uma ameaça aos direitos humanos e um risco para o progresso das ações climáticas no exterior”.

Para o climatolog­ista de USP Paulo Artaxo, Bolsonaro “representa o atraso no cuidado ao meio ambiente”.

“Temo que haja uma ascensão de uma visão anticiênci­a na sociedade, um atraso absolutame­nte inaceitáve­l. Hoje o Brasil anda pra trás.”

A ex-presidente da SBPC (Soceidade Brasileira para o Progresso da Ciência) Helena Nader diz esperar que todo o discurso de ódio e de segregação da campanha fique para trás. “Que ele governe para o Brasil e não para quem o elegeu”, afirmou.

“Estou muito preocupada com as escolhas para os ministério­s da Educação e da Ciência. Escola não é local de religião.”

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