Folha de S.Paulo

Doria terá de construir uma base de apoio na Assembleia

- Gabriela Sá Pessoa

Eleito governador de São Paulo, João Doria (PSDB) terá o desafio de construir maioria na Assembleia Legislativ­a para garantir a governabil­idade nos próximos quatro anos.

Consideran­do o resultado das urnas no primeiro turno, partidos que integraram sua coligação conseguira­m eleger 27 deputados estaduais —o Legislativ­o paulista tem 94 cadeiras.

Difícil imaginar, de antemão, que um governo Doria contará com uma maioria esmagadora, com mais de 70 deputados, que endossou os dois últimos mandatos de Geraldo Alckmin (PSDB).

Até mesmo porque o PSDB, que sempre foi a maior bancada na Casa e tinha a prerrogati­va de presidi-la, diminuiu pela metade nas urnas: caiu de 19 para 8 deputados.

A candidatur­a do ex-prefeito de São Paulo rachou essa mesma base —parte ficou com o tucano e parte foi com Márcio França (PSB). Após campanha acirrada e cheia de ataques, Doria queimou pontes que terá de se esforçar para reconstrui­r.

O PSDB, por exemplo, conseguiu eleger o mesmo número de parlamenta­res que o PSB. A maior bancada ficou com o PSL de Jair Bolsonaro, que saltou de nenhum para 19 deputados estaduais, catapultad­o pelos 2 milhões de votos em Janaina Paschoal.

Ela já disse que deve pleitear a liderança do partido e que a bancada não fechará posição de apoio ou oposição, mas definir sua posição consideran­do cada projeto separadame­nte.

Enquanto Doria fazia campanha com a deputada federal eleita Joice Hasselmann (PSL), que já afirmou ter convidado o governador eleito para deixar o PSDB e migrar para o partido de Jair Bolsonaro, França ganhou o apoio, isoladamen­te, de cinco futuros deputados da legenda.

O PT elegeu 10 deputados e será a maior bancada da Assembleia em 2019. Apesar de não declarar apoio formalment­e a França, o partido se empenhou em propagar o “Doria Não” no segundo turno. Devem fazer oposição ferrenha ao eleito.

Doria também não terá o apoio do maior cacique do Legislativ­o, Campos Machado (PTB), inimigo declarado do ex-prefeito paulistano.

Restará ver como os 28 deputados da coligação de França, que outrora apoiavam o PSDB, vão se comportar a partir de agora, após disputa eleitoral agressiva.

Por ora, Doria já conta com dois nomes fortes do PSDB a seu favor: o atual presidente do Legislativ­o, Cauê Macris, e o líder do partido no parlamento, Marco Vinholi. Quando ainda era prefeito, em 2017, Doria se movimentou para conquistar a bancada, oferecendo jantares e se reunindo com os deputados estaduais.

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