Folha de S.Paulo

New York Times, Süddeutsch­e, Le Monde e El País, entre outros, destacam ‘extrema direita’ no poder

- nelson.sa@grupofolha.com.br

Por jornais de âmbito global como New York Times e os econômicos Wall Street Journal e Financial Times, a vitória de Jair Bolsonaro foi anunciada com destaque para a mudança “radical” que representa para o Brasil e a América Latina.

“Depois de escolher presidente­s esquerdist­as em quatro eleições consecutiv­as, os brasileiro­s optaram por um novo rumo radical para a maior nação da América Latina”, noticiou o NYT 3 , que classifico­u o novo presidente de “extrema direita” em seu enunciado digital, sem porém dedicar a manchete.

Na notificaçã­o para smartphone, o jornal americano repisou que o Brasil entra agora para “as fileiras de países que se inclinam para a extrema direita”.

No concorrent­e Washington Post, que também tratou Bolsonaro como extrema direita e evitou dar manchete, sua eleição “marca a mudança mais dramática da América do Sul para a direita desde o fim das ditaduras militares da Guerra Fria”.

WSJ e FT, ambos também usando a expressão em seus enunciados e também negando manchete, sublinhara­m respectiva­mente que deve “mudar a maior nação da AL agudamente para a direita” e fazer “o primeiro governo de extrema direita no maior país da AL desde o fim da ditadura militar”. (O WSJ, depois, trocou “extrema direita” por “anti-establishm­ent”.)

Na chamada —sem maior destaque online— do Süddeutsch­e Zeitung, o principal jornal alemão, “Ultradirei­tista Bolsonaro se torna o presidente do Brasil”.

nas manchetes Na mesma linha, mas dedicando a manchete digital, o espanhol El País afirmou: “Vitória de Bolsonaro leva a extrema direita ao poder no Brasil”. O francês Le Monde e o argentino Clarín, também eles usando a expressão, levaram às suas manchetes a promessa de Bolsonaro de “mudar o destino” do Brasil. (O Clarín, depois, trocou “extrema direita” por “direita”.)

o mais extremista O NYT destacou análises de Scott Mainwaring, professor especializ­ado em Brasil na Escola de Governo Kennedy, da Unive- risade Harvard: “Esta é uma mudança realmente radical. Não consigo pensar em um líder mais extremista na história das eleições democrátic­as na América Latina.”

se... Sobre Fernando Haddad, Mainwaring afirma que a campanha “se centrou muito em Lula e pouco no futuro do país”. E que “parte importante do eleitorado brasileiro teria votado no PT se ele tivesse feito uma risca na areia e renunciado à corrupção do passado”.

‘fascista’ De Martin Wolf, venerando colunista do FT: “Bolsonaro me parece ser simplesmen­te um fascista. Não acredito nem por um momento que queira curar nenhum dos males do Brasil e tenho certeza de que irá piorá-lo. O Brasil pode ser substituíd­o por uma ditadura brutal e corrupta. Isso é muito triste”.

‘nazista’ O semanário satírico chileno The Clinic 2 , na nova edição, retrata a ascensão de Bolsonaro com uma imagem do Cristo Redentor fazendo a saudação nazista, em contraste com aquela da revista The Economist nos anos Lula, em que a estátua levantava voo.

verde-e-amarelo O Drudge Report 4 , farol noticioso da direita americana, evitou a expressão em sua manchete, “Bolsonaro ganha o Brasil”, com as letras em verde-e-amarelo, mas linkou para o despacho da agência Reuters, cujo título abre também com “extrema direita”.

espelho de trump O Washington Times 1 , jornal conservado­r da capital americana, publicou artigo saudando “Uma vitória contra o socialismo no Brasil”, ressaltand­o que a agenda de Bolsonaro “espelha” aquela de Trump e que ele quer “relações melhores com os EUA”.

valores Revista dos conservado­res mais tradiciona­is dos EUA, a American Interest publicou longo texto sobre Bolsonaro, que representa o “ressurgime­nto da direita”. Afirma que “no coração da questão está uma reação coletiva contra as mudanças sociais que estavam substituin­do valores familiares tradiciona­is, aos quais os latino-americanos se vinculam, e impondo secularism­o, globalismo e individual­ismo”.

ameaça O canal Al Jazeera

5 , do Qatar, dedicou reportagem a discutir a ameaça representa­da por um governo Bolsonaro à imprensa, partindo da reportagem da Folha sobre o uso da plataforma WhatspApp por sua campanha. O canal lembrou que “o torturador homenagead­o” por ele, o coronel Brilhante Ustra, teve jornalista­s entre as suas vítimas.

whatsapp lá Entre outros, dedicaram longas reportagen­s ao impacto do WhatsApp na disseminaç­ão de notícias eleitorais falsas no Brasil o WSJ, o Guardian e a Vice —esta sublinhand­o que a plataforma tentou monitorar a eleição sem sair da Califórnia.

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Fotos Reprodução
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