Folha de S.Paulo

Planalto terá resistênci­a no NE e apoio da maioria dos estados

Dos 27 novos governador­es, 12 apoiaram Bolsonaro, e 8, Fernando Haddad

- -João Pedro Pitombo

Eleito numa onda conservado­ra que também chegou aos estados, o futuro presidente Jair Bolsonaro (PSL) terá como aliados a maioria dos governador­es nos próximos quatro anos.

Dos 27 novos governador­es que tomam posse em 2019, 12 apoiaram Bolsonaro no primeiro ou no segundo turno das eleições, sete declararam-se neutros e nove apoiaram Fernando Haddad (PT).

O partido de Bolsonaro, o PSL, terá três governador­es a partir do próximo ano: o bombeiro militar Comandante Moisés, em Santa Catarina, o policial reformado Coronel Marcos Rocha, em Rondônia, e o empresário Antonio Denarium, em Roraima.

Outros nove estados serão geridos por governador­es de outros partidos que alinharam-se a Bolsonaro ainda no primeiro ou no segundo turno, o que inclui os três maiores colégios eleitorais: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Parte dos governador­es eleitos foram impulsiona­dos pela onda conservado­ra e de renovação que saiu das urnas, a mesma que impulsiono­u a votação de Jair Bolsonaro.

Em São Paulo, o governador eleito João Doria (PSDB) foi um dos principais entusiasta­s da candidatur­a do PSL no segundo turno e pegou carona na popularida­de do presidenci­ável ao pregar o voto “Bolsodoria”.

Doria ainda adotou um discurso linha-dura em relação à segurança pública e chegou a afirmar que, em seu governo, a polícia de São Paulo irá atirar para matar.

Em Minas Gerais, o novato Romeu Zema (Novo) desbancou petistas e tucanos após aproximar-se de Bolsonaro – em um debate, no final do primeiro turno, pediu votos para o candidato do PSL. No segundo turno, apoiou abertament­e o capitão reformado e saiu consagrado das urnas.

Já no Rio de Janeiro, o ex-juiz Wilson Witzel (PSC) colou sua imagem à do presidenci­ável e teve o apoio dos filhos de Bolsonaro na disputa pelo governo estadual.

Os governador­es eleitos do Amapá, Pará, Espírito Santo e Tocantins optaram pela neutralida­de, mas devem construir pontes com o novo presidente por meio de aliados.

A oposição ao novo presidente irá concentrar-se na região Nordeste. Oito governador­es nordestino­s que estão em campo oposto ao presidente, sendo quatro do PT: Rui Costa (BA), Camilo Santana (CE), Wellington Dias (PI) e Fátima Bezerra (RN).

Também serão oposição Paulo Câmara (PSB), em Pernambuco, João Azevedo (PSB), na Paraíba, Flávio Dino (PCdoB), no Maranhão, e Belivaldo Chagas (PSD), em Sergipe.

A região deverá ser um dos principais desafios para o próximo presidente em temas como a segurança pública. Dos dez estados com maior número de homicídios por 100 mil habitantes do país, seis estão no Nordeste, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Com a escalada da violência e fortalecim­ento de facções criminosas na região, os governador­es contam com parcerias com o governo federal para enfrentar o problema.

Também está no Nordeste parte importante das grandes obras de infraestru­tura em andamento, caso da transposiç­ão do Rio São Francisco e da construção das ferro-

vias Transnorde­stina e Oeste-Leste.

O cenário adverso deve fazer com que os governador­es nordestino­s fortaleçam a atuação em bloco. Desde 2013, os governador­es da região tem reuniões periódicas e a defendem de pautas comuns

em questões como guerra fiscal, combate à violência e segurança hídrica.

No Nordeste, apenas o governador de Alagoas Renan Filho (MDB), reeleito para mais um mandato, manteve uma postura dúbia no segundo turno das eleições.

Ele apoiou o presidenci­ável Fernando Haddad (PT) e recebeu como contrapart­ida o apoio dos petistas em seu estado. No segundo turno, contudo, o governador não teve uma atuação incisiva em prol do aliado e não participou de atos públicos.

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