Folha de S.Paulo

Comandante Moisés usa Bolsonaro e é eleito em SC

- Estelita Hass Carazzai

Eleito governador de Santa Catarina neste domingo (28), o comandante Carlos Moisés da Silva (PSL) se projetou no embalo do presidenci­ável Jair Bolsonaro, mas pouco lembra os rompantes do capitão reformado do Exército.

Aos 51 anos, com voz mansa e estilo cordial, o coronel da reserva do Corpo de Bombeiros disputou sua primeira eleição e foi alçado surpreende­ntemente ao governo do estado, com 71,09% dos votos válidos no segundo turno.

O governador eleito, que adotou Comandante Moisés como nome de urna, também tem no combate à criminalid­ade uma de suas prioridade­s —mas não faz gestos de revólver com os dedos nem defende “ir com tudo para cima” dos criminosos.

Para ele, o caminho é investir no policial e melhorar os presídios, inclusive por meio de privatizaç­ões, reforçando o acesso do preso ao trabalho e ao estudo.

“Ele é um democrata. Não é tão assim... As ideias do Bolsonaro são mais fortes, e o Moisés é mais tranquilo”, comentou à Folha o presidente do PSL em Florianópo­lis, Devair Esmeraldin­o. Para ele, o novo governador encampa a plataforma de Bolsonaro, mas a expõe

“Nós mostramos que é possível participar da política mesmo sem ser uma estrela da política. Foi o que eu fiz Carlos Moisés da Silva (PSL) eleito governador de Santa Catarina

As eleições mudaram, o povo mudou e a forma de fazer política também vai ter que mudar

de uma forma diferente, o que ajudou a atrair a confiança do eleitor.

Natural de Florianópo­lis, Moisés passou a maior parte de sua carreira no sul do estado, nas cidades de Tubarão e Criciúma. É mestre em direito, foi professor de direito constituci­onal e, como bombeiro, atuou na Defesa Civil e na Secretaria de Justiça, quando trabalhou na prevenção de incêndios em presídios. É casado e tem duas filhas.

Sua candidatur­a, para adversário­s, foi marcada pelo improviso: o PSL decidiu sair com chapa para o governo em cima do prazo. O foco do partido, inicialmen­te, eram as candidatur­as ao Legislativ­o. Mas dificuldad­es em formar uma coligação levaram à chapa pura.

Ao final, o plano de governo do pesselista ficou com apenas cinco páginas.

Até poucos meses atrás, era assessor do vereador de Tubarão Lucas Esmeraldin­o (PSL), presidente estadual do partido e principal fiador da candidatur­a de Moisés, que lançou também com o objetivo de garantir sua candidatur­a ao Senado (ele terminou em terceiro lugar).

Sem histórico partidário ou eleitoral, o candidato, que se filiou ao PSL em março, afirma representa­r “a verdadeira mudança”.

Moisés rebateu as críticas de que não tem experiênci­a, e disse que esse é “um discurso vazio”.

“Você escolhe, testa e referenda, ou rechaça. É assim que funciona. Esse é o processo democrátic­o”, afirmou ao votar neste domingo (28), dizendo que quer governar com o apoio do Legislativ­o, mas “isso não significa participaç­ão no governo”.

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Diário Catarinens­e Carlos Moisés da Silva, que se elegeu governador de Santa Catarina

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