Folha de S.Paulo

Com 3 de Suárez, Barcelona goleia o Real Madrid em casa

Resultado complica a situação do técnico Julen Lopetegui no time da capital

- Josep Lago/AFP

BARCELONA 5 REAL MADRID 1

A decisão de Julen Lopetegui de aceitar ser técnico do Real Madrid pouco antes da Copa do Mundo deste ano pode ser tornar uma das mais desastrada­s da história recente do futebol.

Por causa dela, o treinador foi desligado da seleção espanhola dois dias antes da estreia no torneio da Rússia, contra Portugal. Para os dirigentes da federação do país, foi uma traição. Até então, a equipe era uma das favoritas ao título. Acabou eliminada nas oitavas de final pela Rússia, nos pênaltis.

Quatro meses depois, Lopetegui corre sério risco de ser mandado embora do Real Madrid. A cereja do bolo foi a goleada por 5 a 1 sofrida no clássico para o Barcelona neste domingo (28), no Camp Nou. O problema não foi apenas o placar, mas também a facilidade que o time catalão encontrou para vencer.

Segundo a imprensa espanhola, Lopetegui pode ser demitido nesta segunda (29). Ele seria substituíd­o pelo italiano Antonio Conte, que estava no Chelsea (ING). O argentino Santiago Solari, atual técnico do Real Madrid Casilla, também está cotado.

O Real não apareceu para jogar a não ser por 20 minutos no início do segundo tempo.

É a maior goleada aplicada pelo Barcelona no clássico, em casa, desde os 5 a 0 de 1994, no que ficou conhecido como “a noite de Romário”. O brasileiro fez três gols.

Sem Lionel Messi, lesionado no ombro e fora por três semanas, quem brilhou foi o uruguaio Luis Suárez. Ele marcou três vezes. Philippe Coutinho e Arturo Vidal também anotaram. Marcelo descontou para o Real Madrid.

Após dez rodadas, o time da capital está na 9ª colocação do Campeonato Espanhol. Nas últimas sete partidas, o atual tricampeão europeu venceu apenas uma, por 2 a 1, sobre o Viktoria Plzen (TCH) pela Champions League. Com 15 pontos, está a sete do líder Barcelona (22), que vê o Atlético de Madrid (19 pontos) como o maior rival pelo título nacional.

O Barcelona encontrou facilidade para jogar nos primeiros 45 minutos mesmo sem a presença de Messi em campo. O argentino assistiu o jogo das cadeiras com o filho Mateo no colo.

O problema é que o Real Madrid tem dificuldad­e para fazer gols sem Cristiano Ronaldo, vendido para a Juventus (ITA) no início desta temporada por 100 milhões de euros (R$ 418,3 milhões em valores atuais). No Espanhol, a equipe fez 14 até agora. O português é o maior artilheiro da história do clube, com 451 gols.

É a pior sequência de resultados na liga espanhola do Real Madrid desde 2009. São cinco rodadas sem vitórias. Naquele mesmo ano, sob a direção de Juande Ramos, também foi goleado pelo Barcelona, mas por 6 a 2.

Naquele clássico, disputado no Santiago Bernabéu, Lionel Messi saiu de campo aplaudido de pé pela torcidamad­ridista.

Com os avanços de Philippe Coutinho pela esquerda e as entradas de Jordi Alba como surpresa pelo meio, o Real Madrid tinha problemas de marcação. O Barcelona anotou dois gols na etapa inicial, mas poderia ter feito mais.

No intervalo, Lopetegui tirou um zagueiro (Varane) para colocar o meia-atacante Lucas Vázquez. A substituiç­ão deu certo e o Real Madrid tomou a iniciativa em campo pela primeira vez. Conseguiu um gol com Marcelo e poderia ter empatado se o francês Benzema tivesse acertado o alvo em uma cabeçada na pequena área.

Mas mesmo com a reação do rival, o Barcelona era perigoso no contra-ataque, desperdiço­u grandes chances para ampliar e acertou a trave. Até que Luis Suárez resolveu a partida com mais dois gols. Arturo Vidal fechou a goleada no fim.

Após o quinto, a torcida da casa começou a cantar a sua versão para “Festa para um rei negro”, samba-enredo do Salgueiro no carnaval de 1971 conhecido pelo refrão “pega no ganzê, pega no ganzá”. Vários mostravam a mão espalmada para as câmeras de TV, sinal do número de gols anotados.

A imagem da desolação do Real Madrid foi o galês Gareth Bale que, na teoria, deveria preencher o vácuo deixado por Cristiano Ronaldo. Apagado em campo, foi substituíd­o por Asensio a 15 minutos do fim.

O presidente Florentino Pérez, por não ter contratado um atacante para substituir o português, também está na linha de fogo para os críticos.

 ??  ?? Luis Suárez (o segundo da esq. para a dir.) é abraçado na comemoraçã­o do 4º gol do Barcelona no Camp Nou
Luis Suárez (o segundo da esq. para a dir.) é abraçado na comemoraçã­o do 4º gol do Barcelona no Camp Nou

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