Folha de S.Paulo

Margem de acerto

Quatro pontos é vantagem acima da margem de erro. Palmeiras campeão?

- Juca Kfouri Jornalista e autor de “Confesso que Perdi”; É formado em ciências sociais pela USP

O Palmeiras viajou da Bombonera ao Maracanã disposto a manter a diferença de quatro pontos que o separa do Flamengo e de cinco que o distancia do Inter.

Conseguiu.

Deixou em Buenos Aires o trauma da derrota para o Boca Juniors e jogou ao seu estilo no Rio de Janeiro.

Longe de encantar, porque não é o seu propósito, trouxe para casa o ponto buscado e a tranquilid­ade necessário­s para enfrentar as sete rodadas restantes neste Brasileirã­o.

Terá apenas duas paradas realmente duras, em casa contra o Santos e, fora, contra o Galo, exatamente as próximas.

Porque Fluminense, América e Vitória na casa verde, e Paraná e Vasco, na Vila Capanema e em São Januário, não podem ser obstáculos ao título.

Deu a bola ao Flamengo e mesmo diante de um time que havia feito dez gols sem sofrer nenhum, e mais de 65 mil torcedores, saiu na frente, sofreu o empate e apenas mais um grande risco de levar a virada, bizarramen­te desperdiça­da por Lucas Paquetá.

Será preciso um tsunami para evitar o sexto título do Brasileirã­o, que deveria ser, na verdade, o oitavo, com os dois Robertões vencidos em 1967 e 1969, e apenas eles, porque Taça Brasil era outra coisa.

Quis a Casa Bandida do Futebol, em seu infinito desprezo pela história do nosso futebol, igualar torneios desiguais.

Por que, então, não somar também as Copas do Brasil?

Seriam 13 os títulos alviverdes, se o de 2018 vier como tudo indica que virá.

Mas voltemos ao jogo decisivo disputado contra o Flamengo.

O mais importante a destacar está na maneira como a derrota na Libertador­es não entrou no gramado, o que permite um certo otimismo sobre o jogo de volta.

Agora restará fazer arena alviverde pulsar.

Verde que te quero verde! Na arena alvinegra

Pois foi o apoio da Fiel encharcada o responsáve­l pela vitória do Corinthian­s sobre o Bahia, depois de o iluminado Danilo abrir o placar com o pé, permitir o empate com a mão num pênalti tolo e devolver a vitória por 2 a 1 de bicicleta, a três minutos do fim do jogo.

Aos 39 anos, e como substituto do quarentão Emerson Sheik, Danilo viveu mais uma página gloriosa.

Provavelme­nte não a viveria caso a Fiel em peso, mais de 35 mil loucos, em vez de respaldar o time, tivesse vaiado ao acontecer o empate aparenteme­nte definitivo.

Como tem de ser ainda até o fim deste preocupant­e Brasileirã­o para seu atual campeão, no peito e na raça. Tricolores na Libertador­es Aos trancos e barrancos, ainda mais aos barrancos que aos trancos, o São Paulo foi à Bahia, ganhou do Nêgo pela contagem mínima e achou o máximo, porque era a única coisa que tinha de fazer no Barradão.

Pode pensar seriamente no que lhe resta e não é pouco: uma vaga direta na Libertador­es.

Aí, bem planejado para 2019, deverá mostrar a força de quem é tricampeão continenta­l. Santos, Santos, Santos Parecia impossível fazer um gol apesar de 22 tentativas na Vila Belmiro contra o acovardado Fluminense.

Só conseguiu fazer 1 a 0 de pênalti com o artilheiro Gabigol, minutos depois dele mesmo ter desperdiça­do uma chance inacreditá­vel, e a seis do fim do jogo.

Aí, quase tão inacreditá­vel como, o Santos fez mais dois gols, aos 42 e 43 minutos.

E não é que também outro tricampeão pode pensar na Libertador­es?

Cuca veio para salvar da queda e achou pouco.

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