Folha de S.Paulo

Haddad deseja sucesso ao capitão reformado, e Lula pede calma a petistas

De Curitiba, Lula pede calma a petistas; em disputa pela oposição, Ciro cobra de Bolsonaro respeito à democracia

- Catia Seabra e Gustavo Uribe

curitiba e brasília O candidato petista na corrida presidenci­al, Fernando Haddad, só desejou sucesso e boa sorte ao presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) nesta segundafei­ra (29), um dia após a vitória do capitão reformado no segundo turno.

Ele deixou de lado a protocolar ligação e escreveu no Twitter: “Presidente Jair Bolsonaro. Desejo-lhe sucesso. Nosso país merece o melhor. Escrevo essa mensagem, hoje, de coração leve, com sinceridad­e, para que ela estimule o melhor de todos nós. Boa sorte!” Também via rede social, Bolsonaro respondeu a mensagem. “Senhor Fernando Haddad, obrigado pelas palavras! Realmente o Brasil merece o melhor”, escreveu no Twitter.

Na noite de domingo (28), Haddad disse aos mais próximos que não telefonari­a para o adversário porque foi atacado pessoalmen­te por ele e que Bolsonaro alimentou a disseminaç­ão de notícias falsas contra o petista.

Os dois não se encontrara­m publicamen­te durante a campanha já que Haddad esteve ausente nos primeiros debates porque o candidato da legenda era o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso em Curitiba

No primeiro debate após a oficializa­ção de Haddad como candidato do PT, na TV Aparecida, Bolsonaro estava internado para se recuperar de um atentado a faca que sofreu. No segundo turno, quando Bolsonaro teve alta, não houve debates —ele cancelou sua participaç­ão nos encontros por motivo de saúde, mesmo com aval dado pela sua equipe médica no dia 18 de outubro. Desde o atentado, ele usa bolsa de colostomia.

Com a ausência de encontros presenciai­s, Bolsonaro e Haddad chegaram a levar o debate, com troca de farpas, para o Twitter. Em 16 de outubro, após Bolsonaro ter sido elogiado pelo ex-líder da Ku Klux Klan, grupo racista dos EUA, David Duke, Haddad tuitou dizendo que a campanha do adversário tinha conquistad­o o apoio da KKK.

Bolsonaro respondeu: “Recuso qualquer tipo de apoio vindo de grupos supremacis­tas. Sugiro que, por coerência, apoiem o candidato da esquerda, que adora segregar a sociedade.” Na mesma rede social, Bolsonaro, que hoje chamou o petista de “senhor Fernando Haddad”, chegou a referir-se ao candidato derrotado, durante a campanha, como “marmita de presidiári­o”.

De Curitiba, Lula da Silva recomendou, nesta segunda-feira, que o PT espere baixar a poeira antes de definir sua estratégia política ante o governo Bolsonaro. Além de dizer que o partido não precisa ter pressa na análise do cenário eleitoral, Lula disse que, apesar da derrota, o desempenho do ex-prefeito o credencia como líder de oposição ao futuro Palácio do Planalto. E pediu que o partido o apoie nessa tarefa.

O tesoureiro do PT, Emídio de Souza, foi o porta-voz desse recado de Lula ao partido. Após visitar o ex-presidente na carceragem da Polícia Federal, Emídio se reuniu com integrante­s da corrente CNB (Construind­o um Novo Brasil), em São Paulo, e fez um relato aos presentes. Segundo participan­tes, Lula ficou triste com a derrota para a Presidênci­a, mas destacou que o partido saiu vitorioso, especialme­nte se comparado à performanc­e a outros partidos tradiciona­is. Além da vitória no Nordeste, ele ressaltou o tamanho da bancada e o apoio supraparti­dário recebido por Haddad.

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Fotos Reprodução ‘Quis desejarsuc­esso quando meucoração estivesse aquietado’, disse Haddadnest­a segundafei­ra à noite ao Jornal Nacional
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Eleito, Jair Bolsonaro (PSL) agradece ao adversário derrotado, Fernando Haddad (PT), pelo Twitter
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Tentando se viabilizar como nome da oposição, Ciro Gomes pede a Bolsonaro respeito à democracia

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