Folha de S.Paulo

Craque e líder do Palmeiras da década de 1950 inspirou nome de Bolsonaro

- Alberto Nogueira Agora

O meia esquerda Jair Rosa Pinto (1921-2005), capitão palmeirens­e na conquista da Taça Rio, em 1951, em pleno Maracanã, inspirou Percy Geraldo Bolsonaro e Olinda Bonturi na escolha do nome do terceiro de seus seis filhos: o presidente eleito Jair Messias Bolsonaro.

O ex-jogador do Palmeiras é tido como um dos maiores ídolos da história do clube. Marcou 71 gols em 241 jogos e conquistou, além do título interconti­nental, o Paulista (1950) e o Rio-SP (1951).

Fora a genialidad­e com a bola nos pés, o ex-craque também era considerad­o um grande líder da equipe.

Prova disso está em registro fotográfic­o emblemátic­o, no qual Jair parece gritar com Oberdan Catani e Nestor no intervalo da partida contra o São Paulo, que valeu o título estadual de 1950.

O time perdia por 1 a 0, mas o meia deu nos colegas, segundo site do Palmeiras, “uma das maiores duras já testemunha­das pelos vestiários do estádio municipal [Pacaembu]”. A bronca acordou o time, que empatou o jogo e ficou com a taça.

“Ele representa aquilo que há de melhor na história dos camisas 10 do futebol brasileiro. Era um craque, tinha liderança, era técnico, cerebral e possuía uma bola parada fatal”, diz o jornalista e historiado­r do Palmeiras Fernando Galuppo.

Não foi só com a camisa alviverde que Jair Rosa Pinto fez história. Pelo Vasco, conquistou os estaduais de 1945 e 1947. Com a seleção brasileira, venceu o Sul-Americano de 1949 e atuou na fatídica derrota para o Uruguai que custou ao Brasil o título mundial na Copa de 1950.

Além disso, teve importante participaç­ão no início da vitoriosa geração de Pelé no Santos. Pelo time da Baixada Santista faturou os Paulistas de 1956, 1958 e 1960.

“Foi um grande jogador, um líder. Formou comigo, Pelé, Dorval e Pagão um dos melhores ataques que tivemos. Chamávamos ele de titio, pois era mais velho e experiente. Com ele, aprendi a chutar de três dedos e comecei a fazer vários gols de falta. Ele me dizia ‘Pepe, você chuta forte, mas precisa colocar mais efeito na bola’”, conta o Canhão da Vila.

Jair também teve passagens apagadas por Flamengo (1948 a 1959) —envolvido em polêmicas, transferiu-se ao Palmeiras, em 1950—, além de São Paulo e Ponte Preta, no início da década de 1960.

Após pendurar as chuteiras, o meia revelado pelo Madureira tentou a carreira de treinador, mas nem de perto logrou o mesmo êxito.

A história de Jair da Rosa Pinto como jogador, porém, foi suficiente para a homenagem no nome de Jair Bolsonaro (PSL), que recebeu 55,1% dos votos válidos na eleição presidenci­al.

O capitão reformado será o primeiro presidente do Brasil torcedor do Palmeiras. O político, porém, também se autodeclar­a botafoguen­se, e já foi fotografad­o vestido com as camisas de Fluminense, Flamengo, Vasco e Grêmio, entre outras.

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Acervo Palmeiras - 28.jan.51/Reprodução Jair Rosa Pinto cobra jogadores do Palmeiras ao lado de Oberdan Catani (esq.) e Nestor

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