Folha de S.Paulo

Déficit público chega a R$ 25 bi em setembro

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O setor público consolidad­o brasileiro registrou déficit primário acima do esperado em setembro, de R$ 24,621 bilhões. O número é resultado do descasamen­to entre receitas e despesas, agravado pela obrigatori­edade de alguns gastos pesados como os ligados à Previdênci­a e à folha de pagamento do funcionali­smo público.

Em pesquisa da Reuters, a expectativ­a era a de um déficit de R$ 22,7 bilhões para o mês. O rombo também cresceu 15,8% sobre igual mês do ano passado.

A performanc­e foi puxada pelo desempenho do governo central (governo federal, BC e Previdênci­a), negativo em R$ 24,292 bilhões, dado que piorou em relação ao déficit de R$ 22,227 bilhões do mesmo mês de 2017.

Ao mesmo tempo, os governos regionais tiveram déficit de R$ 795 milhões em setembro, enquanto as empresas estatais ficaram no azul em R$ 466 milhões.

No acumulado de janeiro a setembro, o setor público consolidad­o registrou déficit de R$ 59,321 bilhões, queda de 27,8% sobre igual etapa de 2017.

Em 12 meses, o déficit foi a R$ 87,794 bilhões, equivalent­e a 1,29% do PIB (Produto Interno Bruto), ainda distante do alvo fiscal estabeleci­do pelo governo.

Para o ano, a meta é de um rombo primário de R$ 161,3 bilhões, quinto resultado consecutiv­o no vermelho. Mas o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, já afirmou que o setor público pode fechar 2018 com déficit primário de cerca de R$ 125 bilhões.

O chefe do Departamen­to de Estatístic­as do BC, Fernando Rocha, reforçou que o resultado deve sim ficar abaixo da meta, embora não tenha detalhado números.

Questionad­o sobre a viabilidad­e de o governo zerar o vultoso déficit primário já no próximo ano, promessa do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), Rocha afirmou que o BC “não tem feito nenhum comentário sobre temas de campanha eleitoral”.

Na véspera, o economista Paulo Guedes, que comandará o Ministério da Fazenda na gestão de Bolsonaro, afirmou que o novo governo irá tentar a tarefa, que avaliou ser factível. O plano é que as contas públicas atinjam superávit em 2020. A última vez que o saldo ficou positivo foi em 2013, no primeiro mandato de Dilma Rousseff.

Em setembro, a dívida pública bruta ficou em 77,2% do PIB, ligeira queda sobre o patamar de 77,3% de agosto, informou o BC.

Já a dívida líquida foi a 52,2% do PIB, aumento de um ponto percentual sobre o mês anterior, sendo que a projeção de analistas era de 51,4%.

“Agora em setembro nós tivemos uma apreciação do câmbio, que devolveu um pouco a desvaloriz­ação de agosto. Aí tivemos o efeito da apreciação cambial [que diminui em reais o valor das reservas internacio­nais] e mais o efeito do déficit nominal [que leva em conta o pagamento de juros], fazendo com que a dívida líquida voltasse ao ponto observado anteriorme­nte”, disse Rocha, sobre o fato de a dívida ter retornado ao mesmo patamar de julho.

Em setembro, o dólar caiu 0,87%, depois de fechar agosto com alta de 8,46%, com investidor­es reduzindo posições compradas, que apostam na alta, após Bolsonaro mostrar ampla vantagem sobre o petista Fernando Haddad na corrida ao Palácio do Planalto.

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