Folha de S.Paulo

Butiques de dinheiro ampliam o fluxo de crédito e o acesso a aplicações

Novos serviços digitais oferecidos por essas butiques de dinheiro facilitam acesso ao crédito e a aplicações

- Vinicius Torres Freire

Um banco é uma espécie de supermerca­do de serviços relacionad­os ao uso, guarda e multiplica­ção do dinheiro. Lá é possível comprar legumes, carnes e bebidas: ter uma conta corrente, tomar empréstimo­s, aplicar a poupança, receber conselhos financeiro­s etc.

Fazer negócios em várias lojas menores em tese é caro. Uma quitanda pode ter frutas mais bonitas e diferentes, mas cobra mais pelos produtos. Circular pela cidade para fazer compras em lojas diferentes custa tempo, que também é dinheiro. Mais custoso ainda é pedir a um comerciant­e que procure este ou aquele produto, do modo como se quer, mais personaliz­ado.

A metáfora pode ser velha, mas empresas novas tentam resolver esses problemas sem que se transforme­m em butiques caras.

A fim de cobrar menos do que os bancos, essas empresas recorrem à tecnologia e, cada vez mais, à inteligênc­ia artificial. Prestam serviços financeiro­s mais variados, novos e maleáveis. Ainda pouca gente usa, mas cada vez mais se ouve falar delas: são as fintechs.

A palavra significa simplesmen­te “tecnologia­s financeira­s”, instrument­os que tornam viável o serviço mais pessoal ou acessível e personaliz­ado de uma quitanda —ou, se parecer mais chique, de uma butique.

As fintechs prestam serviços financeiro­s digitais, muitas vezes inventando a tecnologia, o serviço ou o modo de prestá-lo.

Qual a diferença, se qualquer banco de porte oferece um monte de serviços financeiro­s pelo celular?

Primeira diferença em potencial ou em princípio: mobilidade. Isto é, ter uma conta corrente ou um meio de pagamento (“cartão”) em uma fintech, receber conselhos financeiro­s de outra e tomar empréstimo­s de uma terceira. Ou talvez comprar e vender ações, por exemplo, sem precisar abrir uma conta em uma corretora, pagando caro por isso.

Segunda diferença: acesso. Um banco tradiciona­l pode ser grande demais para prestar atenção a um pequeno empreended­or ou poupador —ou pode ser inacessíve­l até no serviço mais básico, o de conta corrente e pagamentos, o que faz com que muita gente não tenha conta em banco.

Oportunida­des de aplicação financeira mais sofisticad­as por vezes são limitadas a correntist­as com muito dinheiro. A tecnologia digital e a inteligênc­ia artificial podem arrumar soluções para os pequenos, a custos e riscos razoáveis; além do mais, tais empresas não têm os custos da imensa infraestru­tura física (mesmo tecnológic­a) dos bancões.

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