Butiques de dinheiro ampliam o fluxo de crédito e o acesso a aplicações
Novos serviços digitais oferecidos por essas butiques de dinheiro facilitam acesso ao crédito e a aplicações
Um banco é uma espécie de supermercado de serviços relacionados ao uso, guarda e multiplicação do dinheiro. Lá é possível comprar legumes, carnes e bebidas: ter uma conta corrente, tomar empréstimos, aplicar a poupança, receber conselhos financeiros etc.
Fazer negócios em várias lojas menores em tese é caro. Uma quitanda pode ter frutas mais bonitas e diferentes, mas cobra mais pelos produtos. Circular pela cidade para fazer compras em lojas diferentes custa tempo, que também é dinheiro. Mais custoso ainda é pedir a um comerciante que procure este ou aquele produto, do modo como se quer, mais personalizado.
A metáfora pode ser velha, mas empresas novas tentam resolver esses problemas sem que se transformem em butiques caras.
A fim de cobrar menos do que os bancos, essas empresas recorrem à tecnologia e, cada vez mais, à inteligência artificial. Prestam serviços financeiros mais variados, novos e maleáveis. Ainda pouca gente usa, mas cada vez mais se ouve falar delas: são as fintechs.
A palavra significa simplesmente “tecnologias financeiras”, instrumentos que tornam viável o serviço mais pessoal ou acessível e personalizado de uma quitanda —ou, se parecer mais chique, de uma butique.
As fintechs prestam serviços financeiros digitais, muitas vezes inventando a tecnologia, o serviço ou o modo de prestá-lo.
Qual a diferença, se qualquer banco de porte oferece um monte de serviços financeiros pelo celular?
Primeira diferença em potencial ou em princípio: mobilidade. Isto é, ter uma conta corrente ou um meio de pagamento (“cartão”) em uma fintech, receber conselhos financeiros de outra e tomar empréstimos de uma terceira. Ou talvez comprar e vender ações, por exemplo, sem precisar abrir uma conta em uma corretora, pagando caro por isso.
Segunda diferença: acesso. Um banco tradicional pode ser grande demais para prestar atenção a um pequeno empreendedor ou poupador —ou pode ser inacessível até no serviço mais básico, o de conta corrente e pagamentos, o que faz com que muita gente não tenha conta em banco.
Oportunidades de aplicação financeira mais sofisticadas por vezes são limitadas a correntistas com muito dinheiro. A tecnologia digital e a inteligência artificial podem arrumar soluções para os pequenos, a custos e riscos razoáveis; além do mais, tais empresas não têm os custos da imensa infraestrutura física (mesmo tecnológica) dos bancões.