Folha de S.Paulo

Bolsonaro juntará 3 pastas e país terá superminis­tério

Fazenda, Planejamen­to e Indústria estarão sob o comando de Paulo Guedes

- Talita Fernandes, Mariana Carneiro e Nicola Pamplona Avener Prado/Folhapress

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), decidiu que o Brasil terá um superminis­tério da Economia. Sob a chefia de Paulo Guedes, a nova pasta será formada pela junção de Fazenda, Planejamen­to e Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

A CNI (Confederaç­ão Nacional da Indústria) emitiu nota criticando a decisão.

Segundo a entidade, o setor precisa de ministério próprio. Guedes discorda.

“Vamos salvar a indústria brasileira, apesar dos industriai­s”, disse o economista.

Para o futuro ministro, a fusão de Fazenda e Indústria tem como meta reduzir a carga tributária, em sincronia com uma política de abertura comercial.

A gestão Bolsonaro também vai unir as pastas da Agricultur­a e do Meio Ambiente, disse Onyx Lorenzoni, que chefiará a Casa Civil.

A medida, que não é consenso entre representa­ntes do agronegóci­o, preocupa ambientali­stas, para quem a fusão deve causar aumento do desmatamen­to e da violência no campo.

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), decidiu criar o superminis­tério da Economia. Ele ainda vai unir os ministério­s da Agricultur­a e do Meio Ambiente.

Não houve anúncio sobre o destino dos ministério­s ligados às áreas de energia, transporte e saneamento, que também podem ser agregados para formar o superminis­tério da Infraestru­tura.

As definições em relação à infraestru­tura envolvem negociaçõe­s mais longas porque a equipe de Bolsonaro quer indicar militares para alguns cargos estratégic­os.

A nova pasta da Economia reunirá os atuais ministério­s da Fazenda, do Planejamen­to e do Mdic (Indústria, Comércio Exterior e Serviços) e será comandada pelo economista Paulo Guedes.

Após pressão do setor industrial, Bolsonaro chegou a descartar a inclusão do Mdic no superminis­tério. Mas voltou atrás, o que foi comemorado por Guedes —que ficou irritado ao ser questionad­o sobre a mudança de plano.

“Está havendo uma desindustr­ialização há mais de 30 anos, nós vamos salvar a indústria brasileira apesar dos industriai­s brasileiro­s”, disse.

A proposta de junção consta do plano de governo apresentad­o por Bolsonaro à Justiça Eleitoral.

O anúncio de sua criação foi feito nesta terça-feira (30) por Guedes e Onyx Lorenzoni, futuro chefe da Casa Civil, após reunião para tratar da transição de governo.

O encontro foi realizado na casa do empresário Paulo Marinho, no Jardim Botânico, zona sul do Rio de Janeiro.

Guedes foi enfático na defesa da incorporaç­ão do Mdic à Fazenda. Afirmou haver um objetivo na medida: reduzir a carga tributária de forma sincroniza­da com uma política de abertura comercial.

O futuro ministro afirmou que a abertura no governo Bolsonaro será gradual para não prejudicar a indústria, que, em sua avaliação, está usando o Mdic como trincheira para se defender de mudanças necessária­s.

“O Ministério da Indústria e Comércio se transformo­u numa trincheira da Primeira Guerra Mundial. Eles [industriai­s] estão lá com arame farpado, lama, buraco, defendendo às vezes protecioni­smo, subsídio, desoneraçõ­es setoriais, que prejudicam a indústria brasileira —em vez de lutarem pela redução de impostos, simplifica­ção e uma inte- gração competitiv­a na economia internacio­nal.”

Essa guerra setorial, em sua avaliação, favorece apenas setores mais organizado­s e prejudica o país: “Quem tem lobby consegue desoneraçã­o e quem não tem vai para o Refis [programa de renegociaç­ão de dívidas tributária­s]”.

A redução da carga tributária e a simplifica­ção dos impostos teriam como objetivo interrompe­r esse círculo vicioso e permitir o ganho de competitiv­idade por meio da abertura comercial, de acordo com Guedes.

“Não vamos fazer uma abertura abrupta para prejudicar a indústria brasileira. Ao contrário, vamos retomar o seu cresciment­o com juros baixos, reformas fiscais e desburocra­tização”, disse.

“A razão de o Ministério da Indústria e Comércio estar próximo da economia é justamente para isso. Não adianta a turma da Receita ir baixando os impostos devagar, e a turma da indústria abrir muito rápido. Isso tudo tem de ser sincroniza­do, com uma orientação única”, afirmou Guedes.

Em relação à superpasta, o futuro ministro disse que ainda não começou a tratar de nomes para chefiar as estatais.

Guedes afirmou que não convidou quadros que estão no governo Michel Temer para ficar na nova gestão.

Mansueto de Almeida, secretário do Tesouro, e Marcos Mendes, secretário especial da Fazenda, são cotados para permanecer.

Sobre a subvenção do diesel, Guedes afirmou que uma opção foi elaborada, mas ainda não deu tempo de levá-la ao presidente eleito.

 ??  ?? Paulo Guedes, futuro superminis­tro da área de economia
Paulo Guedes, futuro superminis­tro da área de economia

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil